Sociedade
Operação resgata 110 trabalhadores sob condições análogas à escravidão
Trabalhadores moravam em alojamentos sem esgotamento sanitário e eram submetidos a condições insalubres no serviço


Foram libertadas 110 pessoas que trabalhavam sob condições análogas à escravidão, no âmbito de uma operação da Polícia Federal deflagrada nos últimos dias em 23 unidades da Federação, chamada de “Operação Resgate”.
A ação teve a participação do Ministério Público do Trabalho, da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União, e contou com a maior força-tarefa voltada ao combate ao trabalho escravo.
Segundo a Polícia Federal, entre os resgatados há adolescentes, idosos, indígenas e pessoas com deficiência. Houve resgates tanto no meio urbano como no meio rural. Imagens mostram alojamentos precários, como cabanas de palha, sem esgotamento sanitário, falta de banheiros e de acesso a água potável e alimentação. Em muitos casos, verificou-se condições insalubres no trabalho, jornadas exaustivas e inclusive servidão por dívida.
Eles terão direito a três parcelas de seguro-desemprego especial para o trabalhador resgatado.
Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas de forma sigilosa no Sistema Ipê, lançado em 2020 pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho em parceria com a Organização Internacional do Trabalho.
Procuradoras afirmam que as condições para coibir esses crimes estão piores, segundo artigo publicado em CartaCapital nesta quinta-feira 28, Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo no Brasil.
“Infelizmente, não é incomum que um trabalhador seja resgatado mais de uma vez, em operações diferentes, por não ter sido acompanhado depois do resgate”, escrevem as procuradoras Cristiane Maria Sbalqueiro Lopes e Lys Sobral Cardoso.
Cerca de 110 cidadãos em situações de trabalho análogas à escravidão foram resgatados nos últimos dias durante a Operação Resgate, deflagrada em 23 unidades da Federação para libertar trabalhadores submetidos às modernas formas de escravidão laboral. pic.twitter.com/lVs6Dv8JJ8
— Polícia Federal (@policiafederal) January 28, 2021
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.