OAB-RJ lamenta a morte de Ágatha: ‘sintoma de uma sociedade doente’

'As vítimas dessa política de segurança pública, sem inteligência e baseada no confronto, são pessoas negras, pobres e desassistidas'

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A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) divulgou uma nota lamentando a morte da menina Ágatha Vitória, de oito anos, que foi atingida por um tiro de fuzil, na noite da sexta-feira 20, no Complexo do Alemão.

No texto assinado pelo presidente Luciano Bandeira, a instituição lamenta profundamente o ocorrido e lembra que “a morte de Ágatha vem se somar à estatística de 1.249 pessoas mortas pela polícia nos oito primeiros meses do ano. Um recorde macabro que este governo do Estado aparenta ostentar com  orgulho”, coloca.

A OAB ainda “lamenta profundamente que a média de cinco mortos por dia pela polícia seja encarada com normalidade pelo Executivo estadual e por parte da população. A normalização da barbárie é sintoma de uma sociedade doente”.

O texto também critica a postura do governador Wilson Witzel que, horas antes do ocorrido, declarou que promoveria que um “combate e caça nas comunidades”.

“As mortes de inocentes, moradores de comunidades, não podem continuar a ser tratadas pelo governo do Estado como danos colaterais aceitáveis. A morte de Ágatha evidencia mais uma vez que as principais vítimas dessa política de segurança pública, sem inteligência e baseada no confronto, são pessoas negras, pobres e mais desassistidas pelo Poder Público”.


Veja o texto na íntegra:

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, lamenta profundamente a morte da menina Ágatha Vitória, de oito anos, no Complexo do Alemão, na noite de sexta-feira, dia 20. A morte de Ágatha vem se somar à estatística de 1.249 pessoas mortas pela polícia nos oito primeiros meses do ano. Um recorde macabro que este governo do Estado aparenta ostentar com  orgulho.

A OABRJ lamenta profundamente que a média de cinco mortos por dia pela polícia seja encarada com normalidade pelo Executivo estadual e por parte da população. A normalização da barbárie é sintoma de uma sociedade doente. 

A OABRJ lamenta profundamente que horas antes da morte de Ágatha o governador tenha dito, conforme relatou a imprensa, que promoveria um “combate e caça nas comunidades”. 

As mortes de inocentes, moradores de comunidades, não podem continuar a ser tratadas pelo governo do Estado como danos colaterais aceitáveis. A morte de Ágatha evidencia mais uma vez que as principais vítimas dessa política de segurança pública, sem inteligência e baseada no confronto, são pessoas negras, pobres e mais desassistidas pelo Poder Público.  

A defesa do direito à vida é o princípio mais básico do ser humano e deveria ser o norte de qualquer governo civilizado. Uma política de segurança pública sem planejamento de inteligência atenta contra a integridade da população, e da própria polícia, e afronta os parâmetros básicos de civilidade.

Por meio de sua Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária, a OABRJ está à disposição da família de Ágatha e de familiares de outras vítimas da violência do Estado.

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2019.

Luciano Bandeira

Presidente da OABRJ

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