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O tamanho do desgaste na imagem de Israel entre os brasileiros, segundo pesquisa Quaest

Opinião desfavorável sobre Israel passou a ser numericamente maior do que a visão positiva, que despencou 13 pontos percentuais desde o início da guerra

Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou qualquer "trégua temporária". Foto: Abir Sultan / POOL / AFP
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Após quase quatro meses de guerra na Faixa de Gaza, os brasileiros não têm mais uma visão favorável sobre Israel. A conclusão está na nova pesquisa Quaest, divulgada nesta sexta-feira 1 pelo jornal Folha de S. Paulo.

Em outubro de 2023, quando o conflito entre Israel e Hamas foi iniciado, a região governada por Benjamin Netanyahu tinha, segundo a pesquisa, 52% de apoio entre os brasileiros e apenas 27% de rejeição.

Naquela ocasião, portanto, a maioria dos entrevistados apontava ter visão favorável a Israel. Quatro meses depois, o grupo despencou 13 pontos percentuais e soma apenas 39%, conforme se vê na pesquisa divulgada nesta sexta.

A parcela opositora, por sua vez, cresceu 14 pontos percentuais, saindo dos 27% e chegando aos atuais 41%.

Numericamente, a visão desfavorável a Israel agora é maior do que a favorável. Na margem de erro, porém, os grupos estão tecnicamente empatados.

Segundo o cientista político Felipe Nunes, pesquisador e CEO da Quaest, a queda brusca é explicada pela ‘parcela petista’ dos entrevistados. O apoio a Israel entre os eleitores de Lula (PT) somava 42%, tendo passado a 24% no levantamento recente. Já o grupo opositor a Israel no eleitorado petista saiu de 37% para 56%.

“No eleitorado bolsonarista o desgaste também existiu, mas foi bem menor, saindo de 17% para 23%”, registra Nunes ao repercutir o levantamento.

Declarações de Lula

A pesquisa monitorou, ainda, a avaliação dos brasileiros sobre as recentes declarações de Lula, que classificaram as ações de Israel em Gaza como genocídio e compararam o massacre no enclave ao promovido por nazistas contra judeus na Segunda Guerra Mundial.

Os resultados mostram que, para a maioria, Lula teria exagerado na comparação. Ao todo, 60% dos entrevistados apontam essa conclusão. 28% dizem que não viram exagero no discurso do presidente. Há outros 11% que optaram por não responder.

“Os eleitores de Lula, ainda que críticos a Israel, se dividiram sobre a postura do presidente: 43% acham que ele exagerou na comparação com o líder nazista, e 45% dizem que não. Entre os que votaram em Bolsonaro, 85% criticam as falas do petista”, detalha Nunes.

Ainda dentro do tema, a Quaest monitorou também a avaliação dos brasileiros sobre reação de Israel ao discurso de Lula. Para 41%, o governo de Netanyahu exagerou ao considerar o petista persona non grata. 48% concordaram com a ação israelense. Novamente, 11% dos entrevistados optaram por não responder.

A pesquisa publicada nesta sexta-feira entrevistou 2 mil pessoas em 120 cidades entre os dias 25 e 27 de fevereiro. A margem de erro é de 2.2 pontos percentuais.

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