Justiça

Negros têm 4,5 vezes mais chances de serem abordados por policiais, diz estudo

A pesquisa avaliou o cenário nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo

Foto: Divulgação Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
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A chance de pessoas negras serem abordadas por policiais nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo é 4,5 vezes maior se comparado com pessoas brancas. A proporção de negros que sofrem abordagens de agentes de segurança dentro de suas casas também é três vezes superior à de brancos.

O apontamento é do estudo ‘Por que eu?’ divulgado nesta quinta-feira 27  pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e pelo Data_Labe, organização social que tem sede no conjunto de favelas da Maré, na zona norte do Rio.

Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores ouviram 1018 pessoas, sendo 510 no Rio de 508 em São Paulo.

A proporção de pessoas abordadas por agentes nas ruas, quando caminhavam a pé, ficou em 55,% para os negros e 32,5% entre os brancos. No transporte público, os índices vão a 8,7% ante 3,4% dos brancos.

Entre os entrevistados que declararam ter sido abordados mais de dez vezes, por exemplo, o porcentual entre os negros foi mais do que o dobro (19,1%) de brancos (8,5%). Pessoas brancas só foram maioria nas abordagens em carros, 53% ante 29,2% de negras.

O estudo também mostrou que pessoas negras foram mais vítimas de agressões físicas, verbais e psicológicas (respectivamente, 8,8%, 17,2% e 24,7%) em comparação às pessoas brancas (6%, 14,1% e 18,5%), sendo também mais assediadas moralmente: 18,9% contra 13%, no caso de pessoas brancas.

Outra constatação é a de que pessoas negras são as que mais ouvem menções expressas à sua raça durante as abordagens (46%); entre os brancos, são apenas 7%.

Esse cenário, concluem os pesquisadores, reforça as conclusões de outros estudos que apontam que as forças de segurança tendem a investir mais recursos e esforços nas abordagens quando estão diante de pessoas negras.

Em nota, a Secretaria de Estado de PM do Rio afirmou que “não há qualquer distinção de contexto social – raça, credo religioso, orientação sexual, entre outros- nos protocolos que norteiam as abordagens feitas pelas equipes. Informou ainda que 40% dos policiais militares são afrodescendentes. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não se manifestou.

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