Museu de SP é acusado de pedofilia e rebate: performance não tem conteúdo erótico

Nas redes sociais, grupos conservadores atacam Museu de Arte Moderna após divulgação de vídeo em que criança interage em performance com nudez

A performance do coreógrafo carioca Wagner Schwartz é uma leitura interpretativa da obra "Bicho", de Lygia Clark

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Duas semanas depois de o banco Santander determinar o fechamento da exposição Queermuseu, em Porto Alegre, em meio a uma onda de críticas conservadoras, outra exposição artística se tornou alvo de protestos nas redes sociais. É a performance “La Bête”, apresentada pelo Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo na Mostra Panorama da Arte Brasileira.

A performance, realizada pelo coreógrafo carioca Wagner Schwartz, é, segundo o MAM, uma leitura interpretativa da obra “Bicho”, de Lygia Clark, artista historicamente reconhecida por proposições artísticas interativas. Um vídeo divulgado nas redes sociais que viralizou na noite de quinta-feira 28 mostra um trecho da performance, na qual uma mulher e uma criança interagem com Schwartz, que se encontra deitado e nu. A garota toca os pés e a canela do coreógrafo. 

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Em nota, o MAM afirmou que a mulher que acompanhava a garota é sua mãe. Ainda segundo o museu, a sala onde a performance ocorreu “estava devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística” e o trabalho “não tem conteúdo erótico”. 

A resposta do museu foi dada após inúmeras manifestações de indignação com o vídeo, lideradas por setores conservadores, como o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o Movimento Brasil Livre (MBL).


Em um vídeo divulgado no Facebook, Bolsonaro afirmou que, no vídeo, “uma criança é estimulada a tocar homem nu ’em nome da Cultura'”, e atacou os envolvidos na performance. “Só tenho uma coisa a dizer a esse tipo de gente: ‘canalhas, mil vezes canalhas'”. E emendou com uma aparente ameaça: “A hora de vocês está chegando”.

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