Justiça

MPF pede à Justiça que determine a retirada de ‘conteúdo de ódio’ dos perfis de André Valadão

O pastor bolsonarista está sendo investigado após incitar fiéis de sua igreja contra a comunidade LGBT

André Valadão é devoto do bolsonarismo – Imagem: Redes sociais
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O Ministério Público Federal solicitou à Justiça que determina a remoção de conteúdos publicados por André Valadão que possam ser classificados como discurso de ódio. O pedido ocorre na mesma semana em que o pastor é investigado após incitar fiéis a matarem homossexuais.

Na ação, o MPF também pede que o pastor arque com os custos de produção e divulgação de contrapontos ao discurso preconceituoso, assim como a retratação pelas ofensas proferias e o pagamento de 5 milhões por danos morais coletivos.

Em junho, André Valadão protagonizou uma verdadeira cruzada contra o “orgulho” – no mês, é comemorado o dia internacional do combate à LGBTfobia, também conhecido como dia internacional do Orgulho. Em diversas postagens no Instagram, o pastor fala que “Jesus teve empatia por todos, mas não pelo pecado” ao relacionar símbolos da bandeira LGBT, ele também chega a firmar que, segundo a Bíblia, Deus destruiu a humanidade por causa da imoralidade sexual.

Em um culto religioso transmitido em 4 de junho, o pastor pregou que comportamentos homoafetivos são ‘desviantes, pecaminosos, imorais’ e que deveriam ser rechaçados pela comunidade cristã. Ele chegou a afirmar que Deus “odeia o orgulho”. A declaração fez com que a deputada federal Erika Hilton solicitasse a abertura de uma investigação no Ministério Público Federal.

Em 2 de julho, também em transmissão ao vivo, Valadão subiu o tom e disse diretamente que “se Deus pudesse, mataria todos [os LGBTs] para começar tudo de novo”. Completou afirmando que os fiéis deveriam terminar o “trabalho”. As novas declarações motivaram o senador Fabiano Contarato a também solicitar, no MPF do Acre, a investigação contra o pastor.

No texto, o órgão ressalta que a pregação feita por Valadão extrapola os limites da liberdade religiosa e de expressão com o objetivo claro de  instigar as pessoas contra a aceitação da população LGBT+ e que se seu discurso tem o potencial de aumentar a violência sofrida por essa parcela da população.

A procuradora da República Ludmila Oliveira, que assina o documento, cita que a liberdade religiosa deve ser preservada e que pode-se citar a bíblia, mas “não pode ser admitido discurso que vai além e incita a violência física”.

Confira o documento na íntegra:

Inicial ACP Pastor Andre Valadao - 1070617-05.2023.4.06.3800 - DADOS SUPRIMIDOS LGPD

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