Justiça

MP apura 25 casos de racismo e assédio sexual envolvendo o McDonalds

‘É bem possível que seja apenas a ponta do iceberg de um problema sistêmico’, diz presidente da União Geral dos Trabalhadores

Foto: Divulgação
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A rede de fast food McDonalds está sendo acusada de racismo e assédio sexual por 25 ex-funcionários de uma de suas unidades no Paraná. A denúncia foi enviada ao procurador Alberto Emiliano de Oliveira Neto, da Procuradoria do Ministério Público do Trabalho, na semana passada.

Um dos trabalhadores que alega ter sido assediado conta que ouvia comentários como “vamos a um motelzinho” e “já pensou em um desses na cama” vindos de mais de um funcionário. Uma mulher acusa o coordenador da unidade de abraçá-la maliciosamente e passar a mão em suas “partes íntimas”. Outra vítima diz ainda que o próprio gerente do local a abordou no vestiário dizendo que ela tinha “seios durinhos”. Além disso, houve quem reportasse a ocorrência de comentários como “macaca”, “neguinha cacheta” e “cabelo duro”.

O documento de denúncia, enviado ao MPT, foi elaborado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT). O presidente do grupo, Ricardo Patah, afirma que “ainda estamos efetuando levantamentos de ações individuais envolvendo assédio sexual e racial em outros estados da federação”. “Esperamos que o Ministério Público do Trabalho tenha uma atuação firme diante desses casos. É bem possível que seja apenas a ponta do iceberg de um problema sistêmico ou até mesmo estrutural do Mc Donalds”, continua.

Em conversa com CartaCapital, Patah diz que a UGT está há cerca de 2 anos fazendo uma grande campanha, que envolve sindicatos estadunidenses e organizações trabalhistas, para investigar e questionar os métodos de trabalho de grandes empresas como McDonalds. Recentemente, durante a interlocução com os ex-funcionários, as denúncias vieram à tona. “Temos a sensibilidade de entender que muitas vezes o trabalhador jovem sustenta a família. Precisamos buscar o diálogo.” 

Nesta quarta 22, integrantes da UGT organizaram um ato na avenida Paulista, em São Paulo, para pressionar a empresa.”Uma empresa multinacional como essa precisa se comprometer. Não queremos apenas a punição, queremos solução.”, diz Patah.

Segundo dados do Ministério Público do Trabalho, 25,66% das denúncias registradas são de relativas a assédio moral, sexual, agressão física, discriminação e preconceito. De 2012 a 2017 as denúncias aumentaram de 165 para 340, o que mostra que brasileiros têm denunciado mais os casos de violência sofridos no ambiente de trabalho.

A Arcos Dorados, operadora da marca McDonald’s no Brasil, enviou uma nota dizendo que “não tolera nenhuma forma de discriminação ou assédio de qualquer natureza. A empresa também reafirma seu compromisso de respeito e de cumprimento da legislação trabalhista, além de proporcionar condições adequadas de trabalho a todos os seus empregados. Eles, inclusive, recebem treinamentos do Código de Conduta para os Negócios, em que são instruídos a agir de maneira responsável e respeitando as regras da companhia e de convivência. Os funcionários têm à disposição uma ‘Linha Ética’, por meio da qual eles podem informar sobre situações que não estão alinhadas às normas de conduta. As manifestações podem ser feitas por meio de canais como 0800, internet e aplicativos específicos, com a garantia de tratamento confidencial e profissional. A empresa, como sempre, está à disposição das autoridades para esclarecer suas práticas”.

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