Saúde

Mortalidade infantil yanomami supera a de países com piores taxas do mundo

No total, entre 2018 e 2022, 505 crianças Yanomami de até um ano morreram

Foto de criança Yanomami desnutrida virou símbolo da tragédia humanitária vivida pelo povo Foto: Divulgação
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A mortalidade de crianças Yanomami abaixo de um ano foi de 136,7 a cada mil nascidos, em 2020. A taxa é superior ao índice de mortalidade infantil em Serra Leoa (78,2 a cada mil nascidos), a maior do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Os números da mortalidade infantil na Terra Indígena Yanomami (TIY) constam no relatório Missão Yanomami, do Ministério da Saúde, divulgado em janeiro.

Em 2020, segundo o documento, 126 crianças Yanomami com menos de um ano de idade morreram. Quando comparado com os anos anteriores, é o maior número de crianças mortas nessa faixa etária, no período que vai de 2018 a 2022. Em relação à taxa de mortalidade, os anos de 2018 e 2019 também apresentaram números acima dos três dígitos.

O Ministério da Saúde chama a atenção para o fato de que as mortes em 2021 e 2022 (69 e 67, respectivamente) são preliminares, podendo, inclusive, ser maiores. No que se refere às taxas de mortalidade, mesmo que se considere os números preliminares dos últimos dois anos, elas estariam entre as dos países com maior taxa de mortalidade infantil do mundo, como a República Centro-Africana (75,4) e Guiné (63,7). 

No total, entre 2018 e 2022, 505 crianças Yanomami de até um ano morreram.

De acordo com o relatório, o componente neonatal (0 a 6 dias e 7 a 27 dias de vida) representou 57,8% dos óbitos em menores de um ano entre 2018 e 2022. Esse indica falhas na atenção à gestação, ao parto e aos cuidados recebidos no nascimento. Além disso, exprimem problemas no desenvolvimento socioeconômico geral dos Yanomami e as próprias condições de saúde da mulher.

Sobre as mortes entre crianças Yanomami, o relatório aponta que “as principais causas de óbito são por agravos preveníveis, mas no registro não é evidenciado o agravante principal, que é a desnutrição”. Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, 56,5% das crianças estavam abaixo do peso recomendado. Em comunidades como Paapiu, em 2022, por exemplo, esse percentual foi de 80%.

Em relação à mortalidade infantil, o relatório do Ministério da Saúde informa que, entre 2019 e 2022, 538 crianças Yanomami com até cinco anos morreram por causas que poderiam ser evitadas. Do total, 200 poderiam ser “reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, prevenção, controle e atenção às doenças de causas infecciosas”. Conforme noticiado em dezembro do ano passado, as crianças Yanomami morrem quase dez vezes mais por causas evitáveis do que a média nacional.

Leia o documento:

RelatorioYanomamiversao_FINAL_07_02

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