Sociedade

Morre Padre Ticão, aos 68 anos, em São Paulo

Líder de movimentos sociais na zona leste da capital paulista, ele chegou à capital nos anos 1970, após apoiar greves de bóias-frias

Foto: Reprodução TVT Foto: Reprodução TVT
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Morreu na noite de sexta-feira 1, em São Paulo, o padre Antonio Luiz Marchioni, conhecido como Padre Ticão, aos 68 anos.

Líder de movimentos sociais na zona leste da capital paulista, ele fazia parte Paróquia de São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo.

De acordo com informações da Diocese de São Miguel Paulista, Padre Ticão foi internado quarta-feira 30 no Hospital Santa Marcelina. Na última sexta, sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.

“Informamos o falecimento do nosso querido padre Antonio Luiz Marchioni, que era pároco da Paróquia de São Francisco de Assis, do setor Ermelino Matarazzo. Pe. Ticão estava com 68 anos de idade, dos quais 42 como sacerdote”, diz a nota publicada na madrugada deste sábado 2.

O hospital Santa Marcelina também soltou um comunidado. “O paciente deu entrada na unidade em decorrência de uma arritmia cardíaca e o diagnóstico de edema pulmonar, permanecendo internado sob cuidado intensivo e cardiológico”.

Nascido em Urupês (SP), o padre chegou à capital nos anos 1970, após apoiar greves de bóias-frias e de professores na região de Araraquara (SP).

Na década de 1980, participou da invasão ao prédio da Secretaria de Estado da Habitação para pressionar o então governador Franco Montoro a construir conjuntos habitacionais.

Ticão foi um dos líderes do movimento pela criação do Parque Dom Paulo Evaristo Arns e do Hospital de Ermelino Matarazzo, ambos na zona leste de São Paulo.  Na região, fez parte da mobilização para a instalação da USP Leste e da Universidade Federal de São Paulo.

Mais recentemente, criou na paróquia um curso sobre o uso medicinal da maconha em parceria com a Universidade Federal de São Paulo.

“Não vou dizer que Deus é maconheiro, eu realmente não sei. Mas com certeza ele é canabista”, disse em entrevista a CartaCapital em 2019.

No site da revista, escreveu artigos para o blog Diálogos da Fé, um espaço dedicado à discussão de assuntos do momento sob a ótica de diferentes crenças e religiões.

Em seu último texto publicado no blog, em parceria com o professor Waldir A. Augusti, Ticão fez uma reflexão sobre a direita e a esquerda.

“Ao contextualizarmos as narrativas do Novo Testamento com o nosso tempo, como classificaríamos os líderes políticos e religiosos de hoje? Quais deles se enquadram nos ensinamentos do Cristo e nos exemplos de seus Apóstolos? Quais estão ao lado do povo explorado e quais estão ao lado dos exploradores? Quais seriam enquadrados como sendo de esquerda ou de direita?”, escreveram em 26 de outubro de 2020.

O velório ocorre das 6h às 14h deste sábado, na Igreja São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo. Em seguida, o corpo será enterrado no Cemitério do Carmo I, em Itaquera.

A missa de corpo presente acontece a partir das 10h e será celebrada por Dom Manoel Carral, Bispo Diocesano.

Políticos lamentam

Pelas redes sociais, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), lamentou a morte do padre.

“2021 começa com a triste notícia do falecimento do Padre Ticão. Grande defensor da população mais carente da Zona Leste de São Paulo. Um guerreiro na luta pela diminuição das desigualdades sociais. Descanse em paz”, publicou Covas.

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) escreveu: “Com profundo pesar que recebi a notícia do falecimento do Padre Ticão, o ‘trator de Deus’ assim chamado pelo bispo Dom Angelico”.

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