Sociedade
‘Me ajuda’, pediu João Alberto, homem assassinado no Carrefour
‘Seguiram com o pé em cima dele, e quando desmaiou, continuaram com o pé em cima dele’, relata a esposa
A esposa de João Alberto Silveira Freitas, homem de 40 anos espancado até a morte em um Carrefour de Porto Alegre (RS), pagava a conta no caixa do supermercado quando o marido começou a ser agredido. Ao chegar à garagem do estabelecimento, encontrou-o imobilizado e pedindo ajuda, mas foi impedida de se aproximar pelos seguranças.
Milena Borges Alves contou ao jornal GaúchaZH nesta sexta-feira 20 que estava ao lado da vítima quando ele foi abordado pela equipe de segurança do Carrefour – “três homens e duas mulheres”, relata. Ele teria feito um gesto como um “sai, sai” a uma fiscal do caixa, que chamou a equipe. Depois disso, foi levado para fora do supermercado.
“Eu estava pagando no caixa. Ele desceu na minha frente. Quando cheguei, ele já estava imobilizado. Ele pediu ajuda, quando fui, os seguranças me empurraram” declarou Milena.
“Ele disse: ‘Milena, me ajuda’, mas os seguranças não deixaram me aproximar. Seguiram com o pé em cima dele, e quando desmaiou, continuaram com o pé em cima dele. Um pé nas costas eu vi”, afirmou a mulher, emocionada.
💬 Esposa de João Alberto Silveira Freitas, Milena Borges Alves estava ao lado do marido no momento em que ele foi abordado e conduzido para o estacionamento do Carrefour.
Ela relatou que, quando chegou ao local, João Alberto já estava imobilizado. Leia: https://t.co/0xZ33L77hQ pic.twitter.com/pomjyEfZxL
— GZH (@gzhdigital) November 20, 2020
O delegado Leandro Bodoia, plantonista da Delegacia de Homicídios, afirmou que a funcionária do Carrefour interpretou o gesto de João como uma tentativa de “agressão”, o que motivou a chamada dos seguranças.
Os dois homens que espancam João foram identificados como Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva. Ambos foram detidos e presos em flagrante por homicídio qualificado. Giovane é policial militar temporário, um tipo de contratação para funções administrativas e de guarda. Ele prestaria serviços à empresa de segurança contratada pelo Carrefor.
“Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos.”, afirmou a nota da Brigada Militar – como se chama a polícia militar do Rio Grande do Sul.
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