Sociedade

Medo de violência sexual é quatro vezes maior entre as mulheres do que entre os homens, aponta o IBGE

Entre os homens, destacam-se as chances de ser vítima de violência policial ou de ser confundido com um bandido

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Dados divulgados nesta quarta-feira 7 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que no ano passado, 1,7 milhões de residências foram alvos de furto e 195 mil casas foram roubadas.

No mesmo ano, 1,5 milhão de domicílios no País tiveram pelo menos um morador vítima de roubo.

Pelo menos 1,1% da população apontou ter sido vítima de roubo no período de 12 meses. 

Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a PNAD Contínua, que faz um retrato dos crimes contra o patrimônio do Brasil. 

Realizada nos últimos quatro meses de 2021, a pesquisa mostra também como a violência aumenta a percepção de risco da população e afeta comportamentos.

Entre os que já foram vítimas de algum crime, ainda que de menor potencial ofensivo, evitam hábitos simples, como andar sozinho perto de casa. Enquanto 71% das pessoas que não foram alvo de criminosos se sentem seguras ao andar desacompanhadas perto de onde moram, apenas 37,6% das vítimas de roubo e 49,3% das vítimas de furto têm a mesma tranquilidade.

A violência também parece ter hora, lugar e alvo. A maioria dos crimes contra o patrimônio – 94% do total – aconteceu em áreas urbanas. 

Entre os locais com mais chances de serem vítimas de roubo estão a rua, o transporte coletivo e dentro do próprio domicílio. 

Diferenças entre os gêneros

Além disso, os homens se sentem mais seguros que as mulheres. Uma em cada cinco mulheres afirmaram sentirem correr risco médio ou alto de sofrer violência sexual. A proporção é de 20,2%, bem maior do que a de homens, de 5,7%. 

Entre os homens, destacam-se as chances de ser vítima de violência policial ou de ser confundido com bandido.

Com diferentes sensações de segurança entre homens e mulheres, elas são a maioria que evitam atividades que demandem locomoção a noite, ou sair de casa tarde, bem como ir a caixas eletrônicos no período ou usar celular em público. 

Diferenças raciais

No recorte racial, a pesquisa mostrou que a sensação de violência tem traços da desigualdade e do racismo estrutural da sociedade brasileira. 

Entre os negros, a proporção que respondeu risco alto de serem vítimas de crimes foi maior do que entre os brancos. 

Destacam-se os riscos de ser confundido com bandido pela polícia, ser vítima de bala perdida e ser vítima de violência policial. 

Já a chance de ser vítima mais citada entre os brancos foi a de ter informações pessoais divulgadas na Internet, ser vítima de sequestro ou ter carro, moto ou bicicleta roubados.

Ainda que a sensação de violência esteja muito alta no País, a percepção de segurança está diretamente atrelada ao investimento público.

Em 2021, a existência de serviços públicos avaliados como ótimos ou bons estava associada a uma sensação de segurança maior do que aquela estimada para os domicílios cujo entorno fornecia serviços classificados como regular, ruim ou péssimo.

Ao contrário do que afirma o presidente Jair Bolsonaro (PL), quase a metade dos brasileiros respondeu não se sentir seguros com pessoas transitando armadas. 

Além disso, os dados mostram que a maior truculência da polícia também não faz aumentar a sensação de segurança. 

As pessoas se sentem inseguras na mesma proporção em lugares que ocorreram assassinatos, quanto aqueles em que houve violência policial. 

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