Sociedade
Maioria do STF determina que o governo realize o Censo apenas em 2022
O relator, Marco Aurélio Mello, havia determinado em abril que o governo tomasse todas as medidas para garantir a pesquisa neste ano


A maioria do Supremo Tribunal Federal decidiu nesta sexta-feira 14 que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deve realizar o Censo Demográfico em 2022. O ministro Gilmar Mendes abriu a divergência ao ampliar o prazo para que a pesquisa seja realizada e já foi seguido pelos ministros Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Dias Toffoli.
O relator, o decano Marco Aurélio Mello, havia determinado em abril que o governo tomasse todas as medidas para garantir a realização do Censo neste ano.
Segundo Gilmar, “a concessão de prazo razoável se alinha com a necessidade de preservar o espaço de deliberação próprio das instâncias políticas, assegurando outra oportunidade para que o Poder Executivo, em articulação direta com o Congresso Nacional, assegure créditos orçamentários suficientes para a realização do Censo Demográfico do IBGE”.
“Cuida-se de solução que, em suma, além de evitar as dificuldades inerentes ao recrutamento de mais de 200 mil agentes censitários e ao treinamento dos supervisores e recenseadores durante um período de agravamento da pandemia causada pelo SarsCoV-2, é capaz de trilhar caminho que preserva as bases da democracia representativa, especialmente a liberdade de atuação das instâncias políticas”, emendou.
Em abril, o secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, confirmou o cancelamento da pesquisa, considerada indispensável para a adoção de políticas públicas no País. “Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021”, afirmou Rodrigues.
O valor previsto pelo IBGE para a realização do Censo era de 2 bilhões de reais. Em março, o Congresso Nacional reduziu drasticamente o montante, para apenas 71 milhões. Ao sancionar com vetos o texto aprovado pelos parlamentares, entretanto, o presidente Jair Bolsonaro cortou ainda mais a verba para o Censo: de 71 milhões para 53 milhões de reais.
Após o anúncio do cancelamento, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), acionou o STF para garantir que a pesquisa fosse executada ainda em 2021. Segundo ele, o cancelamento gera “impactos em políticas sociais e na repartição das receitas tributárias, ameaçando os princípios federativo e da eficiência”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.