Maceió em alerta: entenda os riscos do colapso de uma mina da Braskem

Poço de exploração de sal-gema pode colapsar a qualquer momento, abrindo uma cratera de mais de 52 metros de raio

Vista aérea do bairro Mutange, em Maceió. Foto: Reprodução/BRASKEM

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A cidade de Maceió, capital do estado de Alagoas, está sob alerta máximo por causa do risco iminente de colapso de uma mina da petroquímica Braskem localizada no bairro do Mutange.

A Defesa Civil Estadual alerta que o desabamento “é apenas uma questão de tempo.” Especialistas alertam para a formação de uma cratera de 152 metros de raio, afetando inclusive a Lagoa Mundaú, uma das mais principais da região, e causando danos ambientais severos.

Na quinta-feira 30, um aviso foi emitido sobre a possibilidade de colapso às 6h da manhã desta sexta-feira 1, o que ainda não ocorreu. Na tarde desta o governo federal reconheceu o estado de emergência.

A área em torno da mina 18 da Braskem está afundando a uma velocidade de 2,6 centímetros por hora, com um deslocamento vertical acumulado de 1,42 metro. A pedido do Ministério Público e por determinação da Justiça Federal, foi ordenada a desocupação de 23 residências na região do Mutange.

Alerta desde os anos 80

Essa situação é resultado de décadas de exploração de minas de sal-gema, iniciada na década de 1970 pela Salgema Indústrias Químicas S.A, e posteriormente incorporada à Braskem em 2002. Desde os anos 80, pesquisadores alertam para os riscos de vazamento e de afundamento da região.

O sal-gema é utilizado para produzir uma infinidade de produtos como solda cáustica e outros polímeros, como o PVC. Sua extração envolve a escavação de poços, que são preenchidos com uma solução líquida para estabilizar o solo. Contudo, vazamentos ao longo dos anos provocaram a formação de buracos, resultando em 35 minas ativas no subsolo da cidade.


Em março de 2018, tremores de terra causaram o afundamento de solos em cinco bairros de Maceió. Cerca de 60 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e mais de 200 mil pessoas foram afetadas.

A Braskem, em resposta aos prejuízos causados, começou a indenizar os moradores, totalizando mais de 1,7 bilhão de reais. Em 2019, a empresa encerrou a extração de sal-gema e iniciou o fechamento das minas após ser responsabilizada pelo surgimento de rachaduras em casas e ruas.

A Braskem é controlada pela Novonor, ex-Odebrecht.

Futuro incerto

A área da mina 18, no bairro Mutange, foi totalmente desocupada em 2020, devido ao alto risco de colapso. Três anos depois, é exatamente essa mina que hoje ameaça colapsar. Geólogos acreditam que as áreas próximas serão dificilmente reocupadas, apesar dos esforços da empresa para estabilizar a área, preenchendo os poços.

A prefeitura de Maceió já montou uma força-tarefa emergencial. O objetivo é fornecer suporte para famílias que precisem de abrigo nas proximidades da região.

A prefeitura de Maceió estabeleceu uma força-tarefa emergencial para apoiar as famílias deslocadas. A Braskem diz que “acompanha de forma ininterrupta” a situação, em colaboração com a Defesa Civil Municipal.

Em resposta à crise iminente, o Senado Federal está tentando instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a responsabilidade da empresa. No entanto, a formação da comissão tem sido adiada, possivelmente devido ao lobby da Braskem no Senado.

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