Sociedade

Vídeo: LGBTs desafiam a opressão e rechaçam o governo Bolsonaro na Parada de São Paulo

Quatro milhões de pessoas lotaram a Avenida Paulista e reivindicaram direitos em meio à disputa eleitoral

Parada LGBTQIA+ teve a sua 26ª edição em São Paulo no domingo, 19 de junho de 2022. Foto: Reprodução/CartaCapital
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Nesta segunda-feira, a empresária Zilda Vermont completa exatos sete anos sem a sua filha Laura. Era 20 de junho de 2015, de madrugada, quando a jovem de 18 anos foi espancada e morta a dois quarteirões de sua casa, na zona leste de São Paulo.

O caso ainda aguarda solução judicial: os cinco réus respondem ao crime em liberdade e vão a júri popular em 23 de maio do ano que vem. Dois agentes da Polícia Militar também agrediram a jovem e chegaram a baleá-la no braço.

Zilda afirma que conseguiu encontrar a sua filha com vida, mas os policiais militares negaram socorro a ela.

“Ela foi assassinada por puro preconceito, por ser uma mulher trans”, diz a empresária em entrevista a CartaCapital. “A minha vida acabou. Eu não sou mais a mesma. Era eu, a Laura e o pai. A minha casa era pura festa, hoje não tem mais nada disso.”

No domingo 19, dia 26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ em São Paulo, Zilda marchou carregando uma foto de Laura pregada ao peito. “O que me dá força é lutar por justiça.”

O drama da família Vermont ocorre em um contexto de extrema violência contra pessoas trans no Brasil. Segundo um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, a Antra, 140 pessoas trans, a maioria mulheres e travestis, foram assassinadas no Brasil em 2021. Esses números tornam o país líder mundial em registro de assassinatos dessa população no mundo.

Para reivindicar direitos e ações políticas que mudem o cenário de hostilidade e exclusão às pessoas LGBTQIA+, a Parada trouxe o tema “Vote com orgulho – por uma política que representa”, com a participação de artistas, políticos, influenciadores. Quatro milhões de pessoas lotaram a Avenida Paulista.

À CartaCapital, diversos LGBTs afirmaram conviver com a opressão, sobretudo no ambiente de trabalho e entre familiares, e responsabilizaram o presidente Jair Bolsonaro (PL) por estimular o preconceito.

“Dizer que, se o filho começa a ficar viadinho, dar uma surra resolve, dá direitos para as pessoas serem homofóbicas”, recorda o promotor de vendas Mateus Souza, em referência a uma declaração de Bolsonaro dada em novembro de 2010 a um programa da TV Câmara. Na ocasião, ele defendeu a recorrência a agressões físicas dos pais para combater supostas tendências homossexuais de seus filhos: “se começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro e ele muda o comportamento dele”.

A fala ilustra o tom de rechaço ao atual governo federal no protesto. Com bandeiras, faixas, cartazes e adesivos, manifestantes teceram fortes críticas ao presidente da República, pela falta de políticas de proteção e inclusão à comunidade LGBTQIA+ e por sucessivas declarações preconceituosas.

Assista, a seguir, a reportagem.

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