Justus se arrepende e diz que coronavírus matou mais do que ele imaginava

Mesmo assim, empresário criticou cobertura da imprensa, fechamento de comércio e disse estar 'sofrendo' com o isolamento em sua fazenda

(Foto: Reprodução/Jovem Pan)

Apoie Siga-nos no

O empresário Roberto Justus diz-se arrependido de ter minimizado a pandemia de coronavírus e afirma, ao mesmo tempo, que os impactos da covid-19 são aumentados pela imprensa e que a paralisação das atividades econômicas foi “abrupta e exagerada”.

As falas foram ditas em entrevista à rádio Jovem Pan nesta segunda-feira 20, ocasião em que Justus também comentou sobre a polêmica que se envolveu na chegada do vírus ao Brasil.

“Voltaria atrás e diria: teve mais mortes do que eu imaginava. Me arrependo um pouco de ter subestimado a Covid-19, ela é um pouco pior do que eu imaginava, mas não tão ruim quanto assistir aos jornais das televisões e ver esse vírus do medo se espalhando de uma forma tão terrível”, afirmou, dizendo que, segundo suas “previsões” iniciais, ele chutaria que o País iria registrar 15 e 20 mil mortos. Justus não indicou a fonte de sua estimativa.

No começo da instauração das medidas de isolamento social no Brasil, um áudio do empresário vazou de um grupo de amigos no WhatsApp. A exemplo de Jair Bolsonaro, Justus pareceu preocupar-se mais com impactos econômicos do que com as vidas perdidas ao vírus.

“Vai custar muito caro. Você está preocupado com os pobres? Você vai ver a vida devastada da humanidade na hora do colapso econômico, da recessão mundial, dos pobres não ter o que comer, das empresas fecharem, do desemprego em massa, não dá pra comparar com um viruzinho, que é uma gripezinha leve para 90% das pessoas.”, disse na ocasião.


Mesmo com a correção, o empresário reafirmou que é contra medidas de fechamento do comércio e de demais estabelecimentos a fim de frear a contaminação de mais pessoas. Para ele, a covid-19 é comparável a outras gripes que, segundo dados citados por Justus na entrevista, também matam 650 mil pessoas por ano.

Até o momento, o mundo já perdeu 608.420 vidas para o coronavírus. No Brasil, que ocupa o segundo lugar no ranking global, já são quase 80 mil mortes e mais de 2 milhões de casos confirmados.

“Eu leio bastante, me informo bastante, e adoro uma coisa chamada estatística. A estatística está à favor de a gente dizer que não é tão dramático quanto se coloca, né.”, disse.

Depois, complementou com a “crítica” à imprensa e aos governadores – que, em grande quantidade, já vêm flexibilizando as medidas de isolamento social à revelia de cientistas e epidemiologistas.

“Desde o começo eu defendo que essa pandemia teve uma reação exagerada por parte da imprensa em geral e dos governos que querem ser politicamente corretos. Não estou minimizando as lamentáveis mortes no Brasil, não estou dizendo que a doença não seja contagiosa ou perigosa, mas acho que os governantes deviam ter feito um meio termo”.

Justus ainda afirmou que tem “sofrido” com a pandemia. “Estou aqui na minha fazenda em isolamento, no interior de São Paulo, gostaria de estar trabalhando mais e estar ativo. Eu respeito aquilo que é imposto pelas autoridades, porém não preciso concordar”.

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.