Sociedade

Índice de Desenvolvimento Humano mundial retrocede a níveis de 2016

Relatório da ONU mostra que 90% dos países registraram declínio no ranking de qualidade de vida; no Brasil, o recuo foi maior do que a média

Mulher, em Recife, pede ajuda no sinal para comprar alimento - Foto: Yaci Ribeiro/OAB-PE
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Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) da ONU, divulgado nesta quinta-feira 8, mostra que 90% dos países registraram queda no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade de vida. 

As razões, segundo o órgão, estão relacionadas às consequências da pandemia de Covid-19, a omissão com a crise climática e as rápidas mudanças tecnológicas que, em alguns casos, resultaram em grande falta de confiança social. 

O cenário, até então sem precedentes, reverberou em um movimento de destruição de melhores condições de vida. Para os pesquisadores responsáveis pelo relatório, o mundo ainda segue ‘apagando incêndios’ sem resolver os problemas estruturais que os causam.

Achim Steiner, administrador mundial do PNUD, acrescenta que “estamos coletivamente paralisados em relação a essas mudanças”  e destaca que a solução precisa de atenção a longo prazo.

“Vimos, com as crises de custo de vida e de energia, que, embora seja tentador focar em soluções rápidas, como subsidiar combustíveis fósseis, táticas de alívio imediato estão retardando as mudanças sistêmicas de longo prazo que precisamos fazer”, afirmou no documento “Tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro num mundo em transformação”.

Insegurança e reacionarismo

Uma constatação da pesquisa é que a insegurança retroalimenta a polarização  e leva a um cenário definido como “complexo de incertezas” e extremismo.

Globalmente, menos de 30% da população considera que a maioria das pessoas é digna de confiança. Este é o menor nível de confiança já registrado. 

“Hoje, com um terço das pessoas em todo o mundo se sentindo estressadas e quase dois terços das pessoas em todo o mundo desconfiadas umas das outras, enfrentamos grandes obstáculos para a adoção de políticas que funcionem para as pessoas e o planeta”, diz Achim Steiner. Diferente de um cenário comum, ainda afetado pela indeterminação dos acontecimentos, atualmente os pesquisadores observaram que danos ambientais, como a redução da biodiversidade e aumento da temperatura global, afetam o sistema planetário, algo que ainda não era visível. 

Além disso, guerras e intensas disputas políticas refletem em um ritmo ainda mais exacerbado na economia e, consequência, na insegurança alimentar e desigualdade de riquezas. 

As regiões da África Subsaariana, Oriente Médio e América Latina se destacaram no aumento da polarização entre 2011 e 2021. 

O alerta é de que todos esses fatores estimulam violência e geram a paralisação da ação coletiva e a falta de diálogo. O retrocesso democrático, segundo o relatório, tem fortes influências dos conflitos armados.

Brasil também piora

O Brasil caiu no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas ao recuar da 86ª posição em 2020 para a 87ª em 2021.

O Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro ficou em 0,754, considerado pelo Pnud um patamar elevado. Mas, com a perda de desenvolvimento humano por dois anos seguidos, o Brasil recuou ao patamar de 2014, quando o IDH do país também era de 0,754. É um retrocesso maior do que a média mundial.

Pela metodologia do Pnud, quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento humano.

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