Sociedade

Há 25 anos, Mandela tomava posse na África do Sul

Ele foi uma das lideranças políticas mais importantes para os movimentos negros

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No dia 10 de maio de 1994, Nelson Mandela tomou posse do governo sul-africano e deu início a uma série de mudanças no país que, até então, vivia sob o perverso regime do apartheid. O líder político, que foi o primeiro presidente negro do país, chegou a ficar preso por quase 28 anos em razão das lutas que travava e, anos depois, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

Sinto-me simultaneamente humilde e elevado pela honra e privilégio que o povo da África do Sul me conferiu ao eleger-me o primeiro presidente de um governo unido, democrático, não racista e não sexista para levar nosso país para fora do vale das trevas”, declarou ele em seu emblemático discurso de posse. Atualmente o dia de seu nascimento, 18 de julho, é conhecido mundialmente como o Dia Internacional Nelson Mandela.  

Aquele que cria problemas

“Aquele que cria problemas”, este é o significado do nome que lhe foi dado ao nascer: Rolihlahla. Durante a infância cresceu ao lado da família; seu pai era o principal conselheiro do rei interino do povo Thembu.

Na escola primária, que era religiosa e composta majoritariamente por um corpo estudantil de elite, uma professora o apelidou de “Nelson” para exercer um costume da época de dar nomes cristãos aos alunos.

O ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, em imagem de 2012

O jovem Nelson

Após ingressar na universidade para cursar Artes, aos 21 anos, o jovem começou a semear as primeiras ações ativistas na sua trajetória de vida. Foi ali que ele fundou, ao lado de amigos, o Congresso Nacional Africano (CNA), partido político que vem ganhando as eleições da África do Sul desde 1994.

Foi no ambiente universitário que ele começou a ampliar seu ativismo e envolveu-se diretamente com o movimento estudantil buscando melhorias para a instituição e, consequentemente,  ao corpo discente.

Anos depois, Nelson começou os estudos em Direito e fundou, ao lado do advogado Oliver Tambo, o primeiro escritório de advocacia negro da África do Sul: o Mandela & Tambo.

Em 1948 um sistema de segregação racial foi instalado no país: o apartheid. O chamado Partido Nacional, que já estava no poder há quatro décadas, regulamentou o regime e a partir disso, uma série de leis racistas foram colocadas em prática, o que evidenciou e potencializou o racismo que já era executado há anos no local.  

Negros não podiam morar nas mesmas áreas que as populações brancas, não possuíam terras, direitos políticos ou profissões bem remuneradas.

Foi com a chegada da década de 50 que ações contrárias ao regime começaram a ganhar visibilidade e aderência. O Congresso Nacional Africano, fundado por Mandela, foi o grande responsável por uma campanha de mobilização nacional de desobediência civil. Protestos, discursos e diversas ações eram realizadas na tentativa de proporcionar a equidade racial na África do Sul. O movimento, contudo, foi fortemente reprimido, sobretudo em 1960 quando 67 integrantes negros foram assassinados pela polícia durante uma manifestação, após o episódio o CNA tornou-se ilegal.

Em 1964 Nelson Mandela e diversos ativistas foram condenados à prisão perpétua por lutar pelos direitos civis dos negros.  

Preso político

A vida na prisão fez com que Nelson Mandela tivesse ainda mais contato com os Direitos Humanos. Ali ele tinha o frequente hábito de ler autores de grande importância para a filosofia, ciência política e sociologia.

“Todo dia se parecia com o anterior. Toda semana era como a anterior. De tal maneira que os meses e os anos se misturavam.”, declarou Mandela em sua autobiografia.

Mas o mundo, do lado de fora da cela continuava em confronto. Em 1976 aconteceu o famoso Levante de Soweto, que foi uma grande rebelião negra brutalmente reprimida pelas forças armadas da época; imagens de crianças sangrando, corpos mortos e feridos chocaram o mundo. Após o episódio, diversas multinacionais estadunidenses se retirarem do país, e a premiê britânica, Margaret Thatcher, e o secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, que até então eram aliados dos governantes racistas da África do Sul, abriram discussões para a libertação de Nelson Mandela. 

Em 1988 foi criado então um comitê para discutir a liberdade de tais presos políticos e, somente em 1994, após diversas discussões e pressões do movimento negro, Mandela e outros presos foram libertos.

O líder político, que pertencia ao clã Thembu, sempre fora também reconhecido por Madiba, nome de um chefe Thembu. Tal termo é escolhido para se referir a ele quando, geralmente, alguém quer lhe demonstrar admiração. Madiba tornou-se um símbolo da história negra e africana, inspirando a criação de diversas fundações, organizações e movimentos.

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