Flow perde patrocinadores e demite Monark após defesa de ‘partido nazista’

O podcast Flow, apresentado pelo youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, perdeu patrocinadores depois de o âncora defender a criação e a legalização de um partido nazista no País. A declaração ocorreu enquanto Monark e seu colega de apresentação, Igor Coelho, conversavam com os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP), convidados do programa.

“Eu acho que tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark ao defender uma suposta liberdade de expressão.

Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão.@tabataamaralsp perfeita na resposta, mas um detalhe: nazismo é contra a existência não só de judeus, mas de todos os “diferentes” pic.twitter.com/jfVHhYf3Hr

— Judeus pela Democracia – Oficial (@jpdoficial1) February 8, 2022

Após as crescentes manifestações contra a declaração, marcas que patrocinavam ou apoiavam a produção começaram a declinar da parceria.

A lista de patrocinadores continha nomes como Ifood, Flash, LTW Consultoria, WiseUp, BIS, Insider, Blaze, Rio Shore, Ragazzo, Finclass, Amazon Music, Amazon Prime Video, Puma, Yuool, Fatal Model e Philip Mead.

No início da noite desta terça-feira, a Amazon se pronunciou dizendo ‘repudiar fortemente’ as declarações feitas pelo podcast e anunciando que a Prime Video e Amazon Music não são mais anunciantes e nem mesmo patrocinadores do programa.

O mesmo caminho foi seguido pela empresa Philip Mead que decidiu suspender todas as ações comerciais previstas com o programa. Em nota, a empresa afirmou ter visto com ‘perplexidade’ e ‘repúdio’ as declarações. “Somos radicalmente contra qualquer tipo de apoio ao regime nazista, mesmo que de forma indireta, ou à existência de qualquer tipo de organização, partidária ou não, que seja favorável a este que foi um dos regimes mais terríveis e tenebrosos que assolou a humanidade”, acrescentaram no comunicado.

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro também rompeu contrato com o Flow, que transmitia o Campeonato Carioca. Em nota, justificou que o fim do acordo se deve à “apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida”.

Também integra a lista a Flash Benefícios, que, em nota de repúdio, afirmou serem ‘inadmissíveis’ os comentários  do apresentador. “Reforçamos que todo e qualquer tipo de opinião jamais pode ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de um grupo da sociedade”, declarou a empresa ao anunciar “o encerramento formal e imediato da relação contratual com o estúdios Flow”.

No Instagram, a Insider Store, uma das patrocinadoras do Flow, também comunicou o rompimento com o projeto. Em um vídeo, o cofundador da empresa Yuri Gricheno disse que estava suspendendo o patrocínio ao programa e exigindo a saída de Monark do podcast.

A Fatal Model, também citada entre os patrocinadores, emitiu um comunicado no qual diz que pediu a suspensão imediata do apoio ao projeto. “O Fatal Model, maior site de anúncios de acompanhantes do Brasil, também é sinônimo de respeito, profissionalismo e empoderamento. Assim, como sempre em toda nossa caminhada, repudiamos e sempre repudiaremos qualquer forma de discriminação, preconceito e violência. Após o episódio #545, solicitamos a imediata suspensão do patrocínio do Fatal Model ao Flow Podcast.”

Outras marcas justificaram que não mantêm contrato ativo com o programa. É o caso do Ifood, que afirmou ter encerrado em novembro de 2021 o patrocínio.

A Mondelez, detentora da marca Bis, declarou que patrocinou apenas dois episódios do podcast, veiculados em 2021, e que não mantém contrato com o canal.

A Puma conta ter solicitado que a marca fosse retirada das ações do programa, mesmo não sendo uma patrocinadora atualmente, caso semelhante aos de iFood e Mondelez.

Empresas como YouTube e Spotify ainda não se manifestaram quando questionadas sobre a razão de manter esse tipo de conteúdo no ar.

Apresentador pede desculpas e disse estar bêbado

Monark publicou um vídeo em que pede desculpas e alega que estava bêbado na gravação do programa. “Eu queria só pedir desculpas, eu errei, a verdade é essa. Eu estava muito bêbado”, diz em um trecho. “Eu peço perdão pela minha insensibilidade, mas peço também um pouco de compreensão, foram quatro horas de conversa, eu tava bêbado, fui insensível sim.”

pic.twitter.com/Mo7XH8e47o

— ♔ Monark (@monark) February 8, 2022

Monark é desligado dos estúdios Flow

Ainda na tarde desta terça, os Estúdios Flow anunciaram o desligamento do apresentador Bruno Aiub. “Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”, destacam em comunicado, ao justificar que o objetivo do estúdio é exprimir ‘opiniões francas e livres, com a liberdade de expressão amparada por preceitos legais’.