Sociedade

Família de mulher que disse não gostar de negros se desculpa: “Pedimos compaixão”

Irmãos afirmam em nota: ‘Natália é uma pessoa com transtornos psíquicos’

Mulher acusada de racismo disse que "não andava com negros" (Foto: Reprodução)
Apoie Siga-nos no

A família de Natália Burza Gomes Dupin, presa na quinta-feira 5 após afirmar que “não andava com negros” ao ser abordada por um motorista de táxi em Belo Horizonte, divulgou uma carta de desculpas públicas.

“Pedimos compaixão”, diz a nota assinada pelos irmãos de Natália, que foi libertada nesta sábado 7 após passar por uma audiência de custódia.

Ela responde por injúria racial após atacar o taxista Luiz Carlos Alves Fernandes, de 51 anos, que teria se aproximado da moça para oferecer seus serviços.  Ao ser detida pelo PM, Natália reafirmou: “Não gosto de negro, sou racista mesmo”.

A família afirma que “Natália é uma pessoa com transtornos psíquicos”. “Precisamos falar sobre racismo. Também precisamos falar sobre transtornos psíquicos que atingem de forma universal milhões de pessoas”, diz o documento.

Leia a íntegra da nota:

“Precisamos falar sobre isso.

Sentimos muito pelo que aconteceu com o Sr. Luís Carlos Alves Fernandes e com todos os envolvidos. Pedimos sinceras desculpas àqueles que sofrem preconceito diariamente em nosso país. Podem ter certeza, doeu em todos nós.

Racismo é um a realidade brutal e inaceitável.

Mas quero informar algo que ainda não foi publicado. A Natália é uma pessoa com transtornos psíquicos. Atestada há anos por profissionais da saúde. Sabemos que alegar doença mental no nosso país é algo que foi banalizado. Não é esse o caso.

Nossa irmã já tentou suicídio por diversas vezes, já agrediu de forma física e moral muitas pessoas, inclusive sua própria família que é quem a protege e a ama (independentemente da cor, orientação sexual, crença etc).

Já foi internada, já recebeu eletroconvulsoterapia. Nas últimas semanas, tentávamos uma vaga em um hospital psiquiátrico, mas infelizmente, não conseguimos. Essa também é outra realidade inaceitável.

Para quem não conhece a doença, ela altera o comportamento e produz uma neurose e mania de perseguição, além de causar um comportamento agressivo e imprevisível. Só quem tem alguém próximo com essa doença pode entender a dor que passamos há anos e estamos passando agora. Pedimos compaixão.

Precisamos falar sobre racismo. Também precisamos falar sobre transtornos psíquicos que atingem de forma universal milhões de pessoas.

Assinam esta nota os irmãos.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo