Sociedade

Ex-PM incentiva violação sexual de mulheres mortas e ironiza pena: ‘Vale responder’

Após a repercussão, Evandro Guedes alegou que não estaria incentivando o crime e que, na realidade, teria criado uma ‘ficção jurídica’ para aula de Direito Penal

Ex-PM incentiva violação sexual de mulheres mortas e ironiza pena: ‘Vale responder’
Ex-PM incentiva violação sexual de mulheres mortas e ironiza pena: ‘Vale responder’
Reprodução/Youtube
Apoie Siga-nos no

O ex-policial militar Evandro Guedes, fundador da escola preparatória para concursos públicos AlfaCon, apareceu em um vídeo nas redes sociais no qual minimiza a pena prevista para quem viola sexualmente corpo de mulheres mortas. 

O registro é de uma aula na qual o instrutor menciona o crime de vilipêndio de cadáver, previsto no artigo 212, do Código Penal, e ironiza a pena para a ação. Apesar das imagens terem circulado nos últimos dias, não há confirmação de quando o vídeo foi gravado. 

Para exemplificar o crime, o ex-PM cita a morte de uma assistente de palco do programa Pânico. 

“Meu irmão, com aquele ‘rabão’. E ela infartou de tanto tomar ‘bomba’ na porta do necrotério. Duas da manhã, não tem ninguém, quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime”, diz o então professor da AlfaCon.

Na “aula”, o professor “ensina” diversas técnicas para o cometimento do crime, como posições de suporte do corpo, ou a utilização de um secador de cabelo para reaquecer o cadáver.  

Segundo Guedes, aquele dia seria o “mais feliz da sua vida, irmão”. “É crime? É. Você mexeu com a honra do cadáver”, admite. 

No fim da gravação, o ex-PM debocha da possível reação do pai da vítima ao descobrir o crime. 

“Mas a pena é desse ‘tamanhozinho’. Vale a pena responder”, afirma. 

Após a repercussão negativa, Evandro Guedes negou que tenha incitado a prática do crime, alegando se tratar de uma “ficção jurídica” criada por ele para exemplificar a ocorrência do ilícito. 

Em nota, a AlfaCon alega que o “vídeo foi editado de forma a parecer que o professor em questão era praticante do crime”. 

Segundo a instituição de cursos preparatórios, a íntegra do material “deixa claro que se trata apenas de um exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal”. 

A empresa afirmou que o vídeo foi tirado do YouTube “para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos”.

Guedes é próximo à família Bolsonaro. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), aparecem em vídeos ao lado do ex-policial.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo