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Estudo confirma que negros são maioria entre os mortos pela polícia

Rede de Observatório da Segurança traz dados sobre letalidade policial em cinco estados

Estudo confirma que negros são maioria entre os mortos pela polícia
Estudo confirma que negros são maioria entre os mortos pela polícia
Foto: Rovena Rosa Foto: Rovena Rosa
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Na última sexta-feira 4, o Brasil se chocou com a morte de duas meninas negras na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Emilly Victoria de 4 anos e Rebeca Beatriz de 7 brincavam na porta de casa quando uma levou um tiro na cabeça e outra no abdômen.

Uma testemunha afirmou em depoimento ter visto os tiros serem disparados de dentro de uma viatura da PM.

O que aconteceu com Emilly e Rebeca não é um caso isolado. A Rede de Observatório da Segurança divulgou nesta semana o relatório “A cor da violência policial: a bala não erra o alvo”, que traz dados sobre letalidade policial em cinco estados monitorados pela ONG.

O estudo, que levanta números de 2019, apresenta um retrato preciso da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

  • 97% dos mortos pela polícia na Bahia são negros
  • Ceará não notifica a cor dos mortos em 77% dos casos
  • Nove em cada dez mortos pela polícia são negros em Pernambuco
  • 51% da população do Rio de Janeiro é negra, mas entre os mortos pela polícia negros são 86%
  • São Paulo vê aumento da letalidade policial e entre os mortos 64% são negros

“É a primeira vez que é feita uma investigação como esta. Com esses dados podemos mostrar que não é um viés racial, não é excesso de uso da força, não é violência policial letal acima do tolerado, é racismo”, explica Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania.

“Quando analisamos a violência policial nós não conseguimos contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações do dia a dia, mas conseguimos contar os corpos empilhados nessas ações” .

Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) diretamente com as secretarias de segurança dos estados. Depois, os números foram checados e comparados com dados sobre cor das populações de cada estado no censo do IBGE.

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