Entregadores de aplicativos anunciaram uma nova paralisação para 25 de julho. O anúncio ocorreu após trabalhadores de diferentes estados brasileiros apresentarem uma lista de reivindicações ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta quarta-feira 8, com exigências de melhorias nas condições de trabalho.
A última greve dos profissionais ocorreu em 1º de julho. Na ocasião, os manifestantes denunciaram baixa remuneração e demandaram que as empresas forneçam materiais de proteção contra o coronavírus. Os protestos pediram a adesão de usuários, com o boicote aos aplicativos na data da paralisação.
Em reunião com Rodrigo Maia, por videochamada, os entregadores pleitearam melhores remunerações nas taxas de entrega, a criação de uma taxa mínima, o fim dos bloqueios indevidos dos aplicativos, a criação de um seguro de acidentes e, também, um seguro de saúde para realizarem as entregas durante a pandemia.
Os profissionais pediram um esforço dos parlamentares na elaboração de leis que garantam direitos à categoria. Nas redes sociais, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou que a reunião com Maia “foi muito proveitosa”. O encontro ocorreu a pedido do PSOL, junto com a líder do partido na Câmara, Fernanda Melchionna (PSOL-RS), e com o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Há expectativas de que o presidente da Câmara paute o assunto entre os deputados.
O partido propõe a aprovação do Projeto de Lei 1.665/2020, de autoria de Valente e da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), que dispõe de direitos aos entregadores de aplicativos. No texto, a sigla requer que as empresas de aplicativo de entrega assegurem: fornecimento de máscaras, álcool em gel e luvas; material para a limpeza da mochila, bicicleta, motocicleta, capacete e outros itens; acesso a água potável e alimentação; e disponibilidade de espaço seguro para descanso entre as entregas.
A legenda exige ainda que a empresa deve contratar seguro contra acidentes e por doença contagiosa, além de oferecer assistência financeira aos entregadores afastados em razão de acidente, de suspeita ou de contaminação pelo novo coronavírus. O texto prevê assistência financeira durante o período que for necessário para a recuperação do trabalhador.
“A relação entre entregadores e as empresas detentoras das plataformas de entrega consolidou-se entre nós como o modelo mais pronto e acabado de escravidão moderna, situação absolutamente atentatória aos princípios que devem reger qualquer sociedade civilizada”, acusa o partido.
O entregador Paulo Lima, mais conhecido como Galo, também esteve na reunião. Nas redes sociais, ele divulgou um formulário chamado “Cadastro de Solidariedade”, para que os trabalhadores informem ocorrências como acidentes de trabalho ou contaminação por doença durante o serviço. A iniciativa tem apoio de movimentos de entregadores antifascistas, presentes em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Em entrevista a CartaCapital, Galo rebateu empresas que afirmam que entregaram materiais sanitários durante a pandemia, como máscaras e álcool em gel. Segundo ele, as ações realizadas pelas companhias não foram suficientes para cobrir todos os trabalhadores. A empresa iFood diz ter investido mais de 25 milhões de reais em iniciativas que oferecem proteção e segurança aos trabalhadores.
Hoje tivemos a 1ª reunião entre entregadores de aplicativos de todo o Brasil e @RodrigoMaia. A iniciativa da reunião foi do @psolnacamara,mas com protagonismo e voz DOS ENTREGADORES, como @galodeluta. O PSOL está nessa luta para garantir direitos aos trabalhadores de aplicativos! pic.twitter.com/sxSNKHEN01
— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) July 8, 2020
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