Política
Dino manda a PF investigar se houve genocídio e omissão de socorro no território Yanomami
O ministro da Justiça também determinou que a corporação apure os indícios de crime ambiental na região
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, determinou nesta segunda-feira 23 que a Polícia Federal investigue a possível prática de genocídio, omissão de socorro e crime ambiental contra os Yanomami.
De acordo com o ofício, encaminhado ao diretor-geral Andrei Rodrigues, há fatores a indicarem um cenário de “possível desmonte intencional contra os Yanomami ou genocídio”. São eles, segundo Dino:
- mortes por desnutrição ou por doenças tratáveis;
- pouco ou nenhum acesso aos serviços de saúde;
- medidas insuficientes para a proteção dos indígenas, além de desvio na compra de medicamentos e de vacinas contra a Covid-19.
“Os reiterados pedidos de ajuda contra a violência decorrente do garimpo ilegal, bem como a ausência de efetivas ações e serviços de saúde àdisposição dos Yanomami frisam possível intenção de causar lesão grave à integridade ou mesmo provocar a extinção do referido grupo originário”, diz ainda o documento.
No último sábado 21, Dino esteve em Roraima com o presidente Lula (PT) para tratar da crise humanitária na reserva. Na ocasião, o petista afirmou que levaria transporte e atendimento médico aos indígenas, além de colocar fim ao garimpo ilegal.
“Eu posso dizer para você é que não vai mais existir garimpo ilegal”, disse o presidente. “E eu sei da dificuldade de se tirar o garimpo ilegal. Já se tentou outras vezes, mas eles voltam.”
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças do povo Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região. Os dados, referentes a 2022, foram divulgados na última sexta 20 e contabilizam os casos de crianças entre um e quatro anos. As mortes se devem principalmente a desnutrição, pneumonia e diarreia.
No ano passado, de acordo com a pasta, também foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.
Segundo o governo Lula, no fim de semana a Força Aérea Brasileira transportou cerca de quatro toneladas de alimentos a serem distribuídas a uma comunidade da Terra Indígena Yanomami.
Um minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.