Sociedade

Caso Ágatha: governo solta nota de pesar sem a assinatura de Witzel

Na sexta, antes do ocorrido, o governador voltou a endossar a sua política: ‘não merecem viver aqueles que atiram contra o povo’, declarou

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Após intensas mobilizações pela morte da garota Agatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, que foi atingida por um tiro de fuzil no Complexo do Alemão na noite da sexta-feira, o governo do Rio de Janeiro emitiu uma nota de pesar sobre o ocorrido. O texto, no entanto, não traz a assinatura do governador Wilson Witzel que, até as 18h deste domingo, não havia se pronunciado sobre o caso.

A nota, veiculada no perfil oficial do governo no twitter, neste domingo, por volta das 13h, diz:

O Governo do Estado lamenta profundamente a morte da menina Agatha, assim como a de todas as vítimas inocentes, durante ações policiais. A @PMERJ abriu um procedimento para apurar a ação dos policiais no Complexo do Alemão. Na noite de sexta, criminosos realizaram ataques simultâneos em diversas localidades do Complexo do Alemão. Policiais da UPP Fazendinha revidaram à agressão e, após confronto, foram informados por moradores que a menina tinha sido atingida e levada para o Hospital Getúlio Vargas. A política de segurança do @GovRJ é baseada em inteligência, investigação e reaparelhamento das polícias. O trabalho segue protocolos rígidos c/ a preocupação de preservar vidas. Nos 8 meses de 2019, homicidios dolosos diminuíram 21% (menos 744 mortes), o menor índice desde 2013″.

Veja a sequência de posts:

A morte da criança, em um caso que, segundo familiares e moradores do Complexo do Alemão, tem o envolvimento da PM suscitou inúmeras críticas ao governador Wilson Witzel e sua política de política de enfrentamento contra organizações criminosas. Na sexta, antes do ocorrido, ele voltou a endossar o plano:

“O crime organizado não é maior que o estado, e nós não vamos permitir que eles continuem zombando da nossa cara. Serão combatidos, caçados, serão caçados das comunidades. E aqueles que não se entregarem, não tirarem o fuzil do colo, serão abatidos. Porque não merecem viver aqueles que atiram contra o povo e contra a população do estado do Rio de Janeiro.”, disse o governador.

 

A hashtag #aculpaedowitzel chegou a ficar entre os assuntos mais comentados no País no sábado.

O presidente Jair Bolsonaro também não se pronunciou sobre o caso até o momento. Já o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, ignorou a comoção das redes sociais e usou o seu perfil, no dia da morte de Ágatha, para divulgar um vídeo publicado originalmente no perfil do Tenente Santini, em que o pai orienta o filho a como inspecionar ambientes, em uma brincadeira de polícia e ladrão. A criança e o pai aparecem com armas na mão.

Ao endossar o vídeo, Eduardo Bolsonaro escreveu: “quando criança também brinquei de polícia e ladrão e não virei bandido. Como diz o Padre Paulo Ricardo temos que ensinar nossos filhos a serem guerreiros do bem”.

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