Sociedade
Carlos Bolsonaro surta na web e diz que Instagram tem ‘cartilha ideológica’
Filho tuiteiro do presidente diz que ‘o intuito é barrar o crescimento dos que pensam de forma independente’


Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), vereador do Rio de Janeiro e um dos tuiteiros mais ávidos do governo, decidiu que seu novo alvo na rede social é uma rede social: o Instagram – e desta vez sem código morse. Nesta quarta-feira 17, uma atualização tirou a visualização das curtidas de usuários na foto de outras pessoas, e foi o suficiente para Carlos se rebelar e criar uma nova teoria conspiratória. Segundo ele, a alteração seria uma prova de que o Instagram segue uma “cartilha ideológica progressista”.
“Se isso for real saiba que o intuito é barrar o crescimento dos que pensam de forma independente, ou seja, aqueles que estão rompendo o sistema”, comentou o filho do presidente.
As justificativas usadas para não mostrar as curtidas no Instagram, como combate ao bullying e suas derivações são apenas a certeza de que seguem a cartilha ideológica “progressista”. Querem limitar o interesse da informação e criar manipulados como em todos os campos já sabidos.
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) July 17, 2019
Em comunicado oficial, o Instagram informou que ocultar o números de curtidas é uma tentativa de incentivar as pessoas a focarem em contar suas histórias, e não apenas nas curtidas. “Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram”, diz a nota. O aplicativo iniciou os testes nesta quarta-feira no Brasil, e não são todos os usuários que serão impactados em um primeiro momento.
O vereador levou seu protesto para sua própria conta na rede social:
Alguns usuários ironizaram a postagem de Carlos, que se sentiu ofendido. Como era o esperado, utilizou sua rede social de mais apreço e retornou com outro tuíte: “Os ataques que fazem a mim diante desta postagem mostram mais uma vez a verdade. Tirem suas conclusões!”, bradou.
Veja abaixo comentários para a teoria do vereador:
Como é que faz pra ficar com essa autoestima toda?
Zuckerberg acordou e pensou: Não vou deixar Carluxo romper o sistema, vamos barrar o pensamento independente dele.— Fernando Pacheco (@fnpacheco) July 17, 2019
Quando tmb limitarem os comentários os robôs de vocês não vão mais servir pra nada, né?
— Dino Debochado☭ (@DinoDebochado) July 17, 2019
Mano, ser vereador no RJ é isso mesmo?
Não tem trampo?— Marcos Campos (@MarcoTheBlue) July 17, 2019
Sim, acabou os likes, agora as pessoas que gostam de "pensar independente rompendo o sistema" postando fotos tomando drinks de abacaxi na piscina não terão mais como receber afago de ego vitual.
— Vladimir Putin da Silva BR (@IsqueiroI) July 17, 2019
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.