Sociedade

Brasil registra 722 feminicídios no 1º semestre de 2023

Dados mostram um aumento de 2,6% na ocorrência de crimes contra mulheres na comparação com o mesmo período do ano passado

Feminicídio não é um crime como qualquer outro
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O Brasil registrou 722 feminicídios entre janeiro e junho de 2023, 2,6% a mais do que os crimes de mesma natureza contabilizados no primeiro semestre de 2022. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) com base em dados das Secretarias Estaduais de Segurança Pública. O balanço foi revelado pelo canal GloboNews.

Segundo o Fórum, o número de feminicídios registrados no período é o maior da série histórica para o primeiro semestre desde 2019. 

O Sudeste foi a região com a maior ocorrência de crimes desta natureza, com alta de 16,2% no período. Em 2022 foram registrados 237 ocorrências, agora 273. 

Nas outras regiões brasileiras, os casos de feminicídios caíram neste ano em relação a 2022. A menor queda percentual foi registrada no Nordeste, com uma redução de 5,6% de casos. 

Os dados mostram um cenário preocupante. 

“Em São Paulo, que teve crescimento bastante expressivo, a gente tem recebido relatos de como a rede de acolhimento tem sido desmontada, como não tem sido prioridade o funcionamento dessa rede. Como se precarizou esse atendimento e a articulação dos serviços, especialmente Município e Estado, que são eles que recebem essa mulher, que são a porta de entrada dessa mulher [vítima de violência]”, explica a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, ao site G1 nesta segunda-feira 13. 

No estado de São Paulo, os feminicídios cresceram 33,7% entre os primeiros semestres de 2022 e de 2023, segundo o levantamento. 

Espírito Santo, teve alta de 20% e Minas Gerais, com aumento de 11% também contribuíram para o fato de a região Sudeste destacar-se negativamente no quantitativo nacional de feminicídios neste ano. Da região, somente o Rio de Janeiro registrou queda nos casos no período analisado. 

No Distrito Federal o aumento foi ainda maior. A capital registrou uma crescente de registros de feminicídio de 250%, quase o triplo do apontado no mesmo semestre de 2022. Segundo o levantamento, no total das 27 Unidades da Federação, 14 registraram aumento dos feminicídios no primeiro semestre deste ano; 12 tiveram queda e 1 contabilizou uma estabilidade.

Além do feminicídios, os casos de estupro contra vulnerável de meninas e mulheres aumentaram 14,9% no período. Foram 34 mil casos registrados no País no primeiro semestre do ano. 

Isso significa que a cada 8 minutos uma menina ou mulher foi estuprada entre janeiro e junho no Brasil, o maior número da série iniciada em 2019.

“É o maior número que já registramos, só de meninas e mulheres. Se fôssemos considerar também vítimas do sexo masculino, esse dado seria ainda maior. O que a gente vive hoje no Brasil é uma epidemia de violência sexual”, explica Samira.

Conforme o levantamento, 74,5% dos casos registrados no primeiro semestre deste ano foram de estupro de vulnerável, cujas vítimas tinham menos de 14 anos ou eram incapazes de consentir.  Todas as regiões apresentaram crescimento nos casos de estupro e estupro de vulnerável no 1º semestre de 2023 quando comparado com o mesmo período de 2022.

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