Sociedade

Atlas da Violência: Em uma década, homicídios de negros sobem 11,5%

De acordo com o estudo, 71,1% dos assassinatos no Brasil foram cometidos com armas de fogo

(Foto: Filipe Araujo) (Foto: Filipe Araujo)
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Em 10 anos, o número de homicídios de pessoas negras no Brasil cresceu 11,5%, aponta o Atlas de Violência 2020, produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).

O levantamento, divulgado na manhã desta quinta-feira 27, mostra também que as mortes violentas de pessoas não negras caíram 12,9% no período de 2008 a 2018.

O documento também apontou que o risco de ser vítima de homicídio no Brasil é 74% maior para homens negros e 64% maior para mulheres negras do que para os demais.

Diferentemente do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que compila e analisa dados de registros policiais sobre criminalidade, o Atlas da Violência analisa os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS, e as denúncias recebidas pelo Disque 100.

Em 2018, 75,7% das vítimas de assassinatos no Brasil eram negras. O Atlas mostrou que para cada não negro assassinado no Brasil em 2018, 2,7 negros foram vítimas de homicídio.

Mulheres negras morrem mais

Entre mulheres negras, a taxa de homicídio aumentou 12,4% entre 2008 e 2018, e baixou em 11,7% entre mulheres não negras.

O estudo revelou que, no ano passado, uma mulher foi assassinada no Brasil a cada duas horas.

Nos dez anos, a maioria dos assassinatos de mulheres aconteceram em casa. Do total, 30,4% dos homicídios de mulheres ocorridos em 2018 no Brasil teriam sido feminicídios, um crescimento de 6,6% em relação a 2017.

Outros dados

Em quase todos os estados, exceto o Paraná, a taxa de homicídios de negros é maior do que a de não negros. O estado que apresentou a maior diferença foi Alagoas, onde a taxa de homicídios de negros é 17,2 vezes maior que a de não negros.

De acordo com o Atlas, 71,1% dos assassinatos no Brasil foram cometidos com armas de fogo.

Por fim, o balanço faz uma ressalva sobre a falta de dados precisos no registro dos homicídios, que deixou muitas mortes violentas fora das estatísticas.

Em 2018, foram contabilizados 12.310 casos de morte violenta por causa não identificada.

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