Sociedade

Após demissão em massa, trabalhadores da refinaria privatizada na Bahia entram em greve

Apenas nesta terça-feira, 28 trabalhadores foram dispensados; refinaria pertencia a Petrobras e foi vendida em 2021 por Jair Bolsonaro a um grupo árabe

A Refinaria de petróleo Landulpho Alves. Foto: Divulgação
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Os trabalhadores da Refinaria Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, iniciaram uma paralisação após a demissão em massa de empregados e terceirizados que prestavam serviços no local. 

As dispensas acontecem desde que a refinaria foi privatizada, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2021. Atualmente, a fábrica é gerida pelo fundo árabe Mubadala e administrada pelo grupo Acelen. 

Até essa quarta-feira, 150 trabalhadores foram dispensados, sendo 30 próprios e 120 terceirizados. Somente na terça-feira 5, um dia antes da greve, foram demitidos 28 empregados. 

“Lutamos pela manutenção dos empregos e contra a política irresponsável da Acelen que promove a cada dia demissão em massa”, afirma Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, em nota sobre o caso.

Nas últimas semanas, as entidades sindicais vinham travando negociações em defesa de 300 funcionários da Petrobras transferidos da refinaria depois da privatização. A refinaria possui atualmente 1.725 funcionários, sendo 700 terceirizados. 

Na semana passada, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates informou que tem dialogado com o grupo gestor da refinaria para que a estatal brasileira retome a operação de Mataripe. 

“Tudo indica que depois desse anúncio, a Acelen está reduzindo o número de efetivo – próprio e terceirizado – o que impacta na manutenção das unidades e na segurança das atividades”, disse Bacelar no comunicado.

Além da refinaria, o Terminal Madre de Deus, também vendido ao fundo Mubadala, estaria reduzindo os contratos de manutenção, gerando outras demissões. 

Em janeiro, uma investigação administrativa foi aberta para analisar regularidades na venda da refinaria ao grupo árabe. Um relatório da Controladoria-Geral da União concluiu que a planta foi vendida por um preço abaixo do mercado. 

Segundo o documento, o contrato foi firmado em um momento de volatilidade econômica, causado pela pandemia da Covid-19, o que colocou em risco o valor da venda inicialmente pretendido. 

A Mubadala pagou 8,03 bilhões de reais pela unidade. 

As conclusões do relatório reacendem as suspeitas sobre o recebimento de joias árabes pelo clã-Bolsonaro em troca de vantagens na negociação das refinarias brasileiras. A ligação já havia sido feita pelos petroleiros no ano passado, auge do escândalo.

A venda de Mataripe pela Petrobras integrou o Projeto Phil, por meio do qual a estatal, durante o governo do ex-capitão, planejou a venda de oito refinarias, que correspondem a 50% da capacidade de refino no País.

Um documento revelado pelo site G1 em 2023 mostrou que o tema Petrobras foi pauta da reunião em que membros da gestão Bolsonaro receberam as joias de presente dos árabes. 

A greve desta quarta-feira não tem prazo para ser encerrada. O grupo Acelen ainda não se pronunciou sobre o protesto dos trabalhadores.

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