Política
Após 28 mortes, governo Tarcísio anuncia o fim da Operação Escudo
Entidades cobravam o encerramento da ação e apontavam ‘graves excessos’ na conduta da Polícia Militar na Baixada Santista


O governo de Tarcísio de Freitas anunciou nesta terça-feira 5 o fim da Operação Escudo, deflagrada no fim de julho após a morte do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, na Baixada Santista, litoral de São Paulo.
Em 40 dias, 28 pessoas morreram em supostos confrontos com policiais e 958 foram presas. Apesar de anunciar o fim da ação, o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, divulgou a retomada da Operação Impacto, voltada ao combate a crimes na Baixada.
“A Operação Impacto vai prosseguir até o início da Operação Verão, porque a Baixada não pode perder o reforço do policiamento”, afirmou.
Na semana passada, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos, órgão ligado ao governo federal e composto por representantes da sociedade civil, pediu que a gestão Tarcísio determinasse “o fim imeadiato” da Operação Escudo.
A recomendação consta de um relatório enviado ao governo estadual em 1º de setembro. No documento, o órgão aponta “graves excessos no uso da força e execuções sumárias com disparo de armas de fogo” durante as ações policiais.
O relatório compilou relatos de ao menos 11 moradores do Guarujá e de Santos que destacam a truculência das abordagens. De acordo com o conselho, pessoas afirmam ter ouvido de policiais que indivíduos com antecedentes criminais iriam “para a vala”. Outras disseram ter visto os agentes mandando moradores ficarem em casa enquanto levavam as vítimas às vielas onde seriam executadas.
Na segunda-feira 4, a Defensoria Pública de São Paulo e a ONG Conectas Direitos Humanos acionaram a Justiça a fim de obrigar o governo paulista a instalar câmeras corporais nos policiais que atuavam na Operação Escudo. Se não fosse possível acolher o pleito, a operação deveria ser “imediatamente suspensa, sob pena de aplicação de multa diária”.
“Não tomei conhecimento formal de nenhum pedido, recomendação ou ação da Defensoria Pública. O órgão externo que faz a fiscalização das polícias é o MP”, disse Derrite nesta terça.
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