Afastamento da diretoria da Vale está em estudo, diz Mourão

O advogado da empresa defendeu a diretoria e disse que seus afastamentos só seriam possíveis por meio de assembleia interna

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Hamilton Mourão (PRTB), presidente interino, afirmou nesta segunda 28 que a possibilidade de afastamento da diretoria da Vale está sendo discutida pelo gabinete de crise criado pelo Palácio do Planalto como parte das investigações da tragédia de Brumadinho (MG). A fala de Mourão surge após a negação do advogado da Vale, Sérgio Bermudes, de que a empresa teria responsabilidade sobre o caso.

O general admite não ter certeza se o Poder Executivo pode realizar tal recomendação de afastamento, mas explica que a medida está sendo avaliada. Uma fala similar já havia sido feita na manhã desta segunda pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que afirmou que os executivos da Vale podem ser penalizados pelo rompimento da barragem da empresa.

“Tem de apurar e punir quem tiver de ser punido. Mas tem de apurar mesmo”, afirmou Mourão

Para o presidente em exercício, “se houve imprudência ou negligência, por parte de alguém dentro da empresa, essa pessoa tem de responder criminalmente. Afinal de contas, vidas foram perdidas nisso aí”. A fala do general contradiz a defesa do advogado da Vale, de que “não houve negligência, imprudência, imperícia” e que sugeriu que teriam sido vários os fatores para o rompimento da barragem.

Mourão pediu que fosse aguardada a decisão que o gabinete tomaria a partir das “linhas de ação que estão levantando”. Ainda nesta segunda, Bermudes defendeu que apenas uma assembleia geral dos acionistas da empresa poderia afastar seus diretores. “E eles não vão renunciar. A renúncia não ajudaria a companhia, perturbaria a continuidade das medidas que ela, do modo mais louvável, está tomando”, reiterou o advogado.

Para entender mais

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou que foram três barragens rompidas da mineradora Vale do Rio Doce na tarde da sexta 25 na região de Brumadinho (MG). A Vale afirma que foi só uma.


Até a manhã desta segunda, foram encontradas 60 pessoas mortas. 292 pessoas ainda estão desaparecidas e 192 foram resgatadas e estão feridas. Entre as vítimas estão trabalhadores da Vale, de locais que ficam nas imediações e moradores da região.

O Ministério Público de Minas Gerais já decretou bloqueios de 11 bilhões de reais da mineradora para compensar os estragos do acidente. Segundo a Vale, a barragem rompida não era utilizada havia três anos.

O rompimento da barragem de Brumadinho aconteceu três anos após a queda da barragem do Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015, que deixou 19 mortos.

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