Sociedade

Acusado de atacar prédio do Porta dos Fundos comemora censura

Eduardo Fauzi gravou celebração em vídeo, direto da Rússia: ‘Vitória de todo o povo brasileiro’

Foragido, Eduardo Fauzi está em Moscou. Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

O empresário Eduardo Fauzi, de 41 anos, acusado de participar do ataque ao prédio do canal Porta dos Fundos com coquetéis molotov, comemorou a decisão judicial que autorizou a censura ao especial de Natal.

Em vídeo divulgado pelo jornal O Globo nesta quinta-feira 9, Fauzi chamou o especial de “blasfemo”, afirmou que houve “vitória de todo o povo brasileiro” e finalizou a gravação com a saudação “Anauê”, comum entre integralistas, grupo fascista brasileiro.

“Senhores, Eduardo Fauzi, aqui direto de Moscou. Está tarde da noite, tremendo de frio, de satisfação e de alegria”, afirmou. “É uma vitória de todo o povo brasileiro. Fico muito chateado quando vejo padres e pastores dizendo ‘Eu queria ver se fosse com Maomé, queria ver se fosse no Oriente Médio’. O Brasil tem homem, o Brasil tem macho para defender a igreja de Cristo e a pátria brasileira.”

Foragido na Rússia, o suspeito teria viajado na tarde do dia 29 de dezembro para Paris, na França. A Polícia Federal, então, colocou o seu nome na lista de difusão vermelha de procurados pela Interpol. Com isso, ele pode ser preso por qualquer força policial do país em que esteja.

Desde 2001, Fauzi era filiado ao PSL, antigo partido do presidente Jair Bolsonaro. Ele foi expulso da sigla na segunda-feira 6. O empresário também foi colocado para fora da Frente Integralista Brasileira (FIB), entidade da qual fazia parte além do PSL.

O ataque à produtora ocorreu em 24 de dezembro, após veiculação, na plataforma Netflix, de um filme em que Jesus Cristo é retratado como homossexual, tem relações íntimas com Lúcifer e há um triângulo amoroso entre Deus, Maria e José.

A censura ao vídeo foi autorizada pelo desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que aceitou o pedido da Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura.

Segundo a associação, o filme agride a proteção à liberdade religiosa ao retratar Jesus Cristo como um “homossexual pueril, namorado de Lúcifer, Maria como uma adúltera desbocada e José como um idiota traído por Deus”.

Em texto, o desembargador afirmou que “as consequências da divulgação e exibição da ‘produção artística’ são mais passíveis de provocar danos mais graves e irreparáveis do que sua suspensão, até porque o Natal de 2019 já foi comemorado por todos”.

A Netflix moveu uma ação no STF contra a censura e repudiou a decisão judicial.

“Nós apoiamos fortemente a expressão artística e vamos lutar para defender esse importante princípio, que é o coração de grandes histórias”, disse a plataforma.

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo