Política

Cresce o número de famílias despejadas em SP no 2º trimestre, aponta estudo

Famílias engrossam a população de rua na Região Metropolitana; João Doria, no entanto, vetou PL que suspenderia remoções

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Foto: GOVSP
Apoie Siga-nos no

O número de famílias despejadas aumentou na Região Metropolitana de São Paulo no 2º trimestre deste ano, em comparação com os primeiros três meses de 2021, informou estudo divulgado na quarta-feira 11 pelo Observatório de Remoções, que envolve pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do ABC.

 

Segundo o levantamento, em nove remoções, 572 famílias foram despejadas na região entre abril e junho, índice 61% maior que as 354 famílias registradas nessa condição entre janeiro e março, envolvidas em 10 remoções. O número de famílias do 2º trimestre, porém, é menor que as 1.300 despejadas no mesmo período de 2020, início da pandemia no Brasil.

Ao balanço do último trimestre, somam-se 16 casos de ameaças de remoção, que envolvem pelo menos 3.997 famílias. Dos 25 casos totais (nove despejos e 16 ameaças), dez habitações se encontram em áreas públicas, sete em áreas privadas e oito sem identificação. Desde janeiro de 2017 até junho de 2021, o Observatório contabiliza no mínimo 224.190 famílias ameaçadas de remoção.

As famílias despejadas engrossam o número de pessoas em situação de rua. Diante desse cenário, faltam políticas públicas para evitar o desamparo.

O poder público, no entanto, tem rejeitado oferecer maior assistência. O governador João Doria (PSDB) vetou recentemente um projeto de lei proposto pela deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) que suspenderia os despejos na pandemia. Segundo o tucano, o avanço da vacinação deixa o estado em um cenário melhor do que o verificado quando a matéria foi apresentada. Leci Brandão protestou contra a decisão.

O presidente Jair Bolsonaro foi na mesma linha e vetou o Projeto de Lei 827/2020, que daria a providência similar em âmbito nacional. Segundo a Campanha Despejo Zero, no Brasil, pelo menos 14.031 famílias foram removidas de suas habitações no período de 1º de março de 2020 a 6 de junho de 2021.

“Famílias e vidas foram desestruturadas e profundamente impactadas pela pandemia, o que demonstra que políticas públicas de assistência, proteção e defesa da vida precisam seguir e se aprofundar para além da vacinação”, escrevem os pesquisadores do Observatório de Remoções.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo