Saúde recebeu ao menos 7 alertas de falta de medicamentos para intubação em 2020

Maior parte dos pedidos foi recebida na gestão de Pazuello, mostram documentos obtidos pela Folha de S.Paulo

EDUARDO PAZUELLO. FOTO: CAROLINA ANTUNES/PR

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O Ministério da Saúde recebeu pelo menos 7 alertas do Conselho dos Secretários Nacionais de Saúde (Conass) acerca da falta de medicamentos do kit intubação em 2020, situação que se tornou ainda mais dramática com a explosão de internações em 2021.

A informação é de reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira 17, que conseguiu os ofícios enviados a Saúde e ao Ministério Público Federal (MPF).

Segundo os dois conjuntos de documentos obtidos, as solicitações do Conass pelo apoio do Ministério na aquisição dos medicamentos começou em maio de 2020, ainda soba gestão do ex-ministro Nelson Teich, que ficou apenas um mês no cargo. Seu sucessor, o general Eduardo Pazuello, recebeu as demais solicitações.

Os sete ofícios enviados pelo Conass começaram com o pedido de apoio apenas para o estado do Amapá, no dia 4 de maio, e depois detalharam a necessidade de cobertura para ao menos 19 estados. Depois dos demais ofícios, no mês de julho, o último pedido já registrava a “necessidade imediata de abastecimento desses medicamentos”.

Segundo dados enviados pelo Ministério ao MPF, de junho de 2020 a janeiro de 2021, foram enviados 4,9 milhões de unidades de medicamentos aos estados em quantias distribuídas de forma heterogênea ao longo dos meses. Em junho, foram 248,6 mil medicamentos. Em agosto, 2,5 milhões. Em novembro, zero. Em janeiro, quando o País voltava a registrar altos índices de casos, internações e mortes, 142,6 mil unidades.

 


 

 

Em março de 2021, quando Pazuello ainda estava no cargo, o O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 do MPF solicitou novamente “informações urgentes sobre a disponibilidade de remédios do kit intubação e as providências adotadas pela pasta para evitar a falta dessas substâncias em hospitais de todo o País”.

Neste momento, o pico da epidemia deixou os estoques de kits intubação das secretarias municipais de saúde em níveis críticos. Relatos de pacientes sendo amarrados às camas por falta de sedativos apropriados para a intubação foram registrados ao redor do País.

O enfoque é mais um dos possíveis pontos de destaque do depoimento do ex-ministro à CPI da Covid na quarta-feira 19, quando Pazuello será recebido no Senado Federal para prestar esclarecimentos. Em antemão, o ministro conseguiu no Supremo Tribunal Federal o direito de permanecer calado caso não queira responder a algum questionamento.

 

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