Política

Queiroga descarta lockdown no Brasil: ‘A população não adere’

O novo ministro da Saúde também reconheceu a ineficácia de remédios contra a Covid-19, mas defendeu a ‘autonomia milenar’ dos médicos

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Foto: Reprodução/TV Brasil
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O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta-feira 24 que o principal objetivo da pasta, no curto prazo, é aumentar para um milhão o número de pessoas vacinadas contra a Covid-19 no Brasil diariamente. Hoje, são cerca de 300 mil.  Ele também descartou a adoção de um lockdown nacional para conter a dramática escalada de casos e mortes pelo novo coronavírus.

“Ninguém quer lockdown. O que temos, do ponto de vista prática, é de adotar medidas sanitárias eficientes que evitem o lockdown. Até porque a população não adere ao lockdown. Vacina é importante, mas o uso de máscaras é fundamental. Precisamos usar máscaras e manter um certo distanciamento”, afirmou em entrevista coletiva.

Segundo Queiroga, o “compromisso número um” do governo de Jair Bolsonaro é com a campanha de imunização. “Todos sabem o esforço que foi feito para buscar vacinas”, opinou.

Questionado sobre como lidará com a propaganda pela prescrição de medicamentos ineficazes contra a Covid-19, como a cloroquina, ele afirmou que “não existe nenhum protocolo clínico ou diretriz terapêutica ratificando o uso de medicações”. Queiroga, entretanto, ressaltou que a decisão “compete ao médico, dentro de uma ambiência onde não existe uma evidência científica forte, com a sua autonomia milenar para prescrever medicamentos”.

“É uma relação médico-paciente e caso a caso deve ser decidida. Mas a minha opinião é de que temos que olhar para frente e buscar o que existe de comprovado, e é isso o que o Ministério da Saúde vai fazer”.

Queiroga, cardiologista, ainda elogiou o Sistema Único de Saúde, “instituído com a Constituição de 1988 e que prescreve ser a saúde um direito de todos e um dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas”.

Mais cedo nesta quarta, o substituto do general Eduardo Pazuello participou de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, ministros, alguns governadores e chefes de outros Poderes.

Após o encontro, o cardiologista afirmou que a articulação entre governo federal, estados e municípios permitirá a aceleração da vacinação.

“A conclusão é o fortalecimento do SUS, articulado nos três níveis, União, estados e municípios, para prover à população brasileira, com agilidade, uma campanha de vacinação que possa atingir uma cobertura vacinal capaz de reduzir a circulação do vírus”.

Depois da reunião, Bolsonaro anunciou a criação de um comitê para o enfrentamento à pandemia. À tarde, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ironizou o comunicado.

“Feliz de saber que, com um ano de atraso, resolveram montar uma comissão de especialistas e médicos. Com um ano de atraso e 300 mil mortos”, disse Barroso na abertura da sessão desta quarta.

“Foi muito bom”, concordou em tom irônico o presidente da Corte, Luiz Fux, que esteve na reunião. Ele deve indicar ao comitê um membro do Conselho Nacional de Justiça. O objetivo é permitir que, com a presença de um representante do Poder Judiciário, medidas de combate à Covid-19 não sejam judicializadas.

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