Saúde

Parecer indica que remédios defendidos por Bolsonaro não ajudam pacientes com Covid

O documento ‘Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar’ entrou em consulta pública e servirá para a Saúde oficializar um protocolo

Foto: Reprodução/Facebook
Apoie Siga-nos no

Um documento elaborado por um grupo técnico após solicitação do Ministério da Saúde não recomenda o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina em pacientes hospitalizados com Covid-19. Os remédios, que não têm qualquer eficácia demonstrada contra a doença, são defendidos reiteradamente pelo presidente Jair Bolsonaro.

O parecer, intitulado “Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19”, entrou oficialmente em consulta pública nesta segunda-feira 17, mediante publicação no Diário Oficial da União.

Diz trecho da publicação no DOU: “O SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E INSUMOS ESTRATÉGICOS EM SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE torna pública, nos termos do § 1º, do art. 19, do Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011, consulta para manifestação da sociedade civil a respeito da recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec, relativa à proposta de aprovação das Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19 – Capítulo 2: Tratamento Farmacológico, apresentada pelo Gabinete do Ministro de Estado da Saúde”.

Segundo o parecer, “alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimab não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”. O coordenador do estudo é o pneumologista Carlos Carvalho.

A ideia do Ministério da Saúde é definir um protocolo de atendimento hospitalar a pacientes que contraíram a Covid-19. Em depoimento à CPI da Covid no dia 6 de maio, o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, negou-se a responder se concorda com Bolsonaro quanto ao uso de medicamentos sem eficácia demonstrada.

“Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec. O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente”, disse Queiroga em um dos questionamentos.

Segundo o documento que entrou em consulta pública, “poucas terapias farmacológicas mostraram-se eficazes no tratamento da COVID-19, em pacientes hospitalizados, em especial agindo na resposta imunomodulatória”.

“À exceção de corticoesteróides e do tocilizumabe, ambos em pacientes com uso de oxigênio suplementar, não há outras terapias que mostraram benefício na prevenção de desfechos clinicamente relevantes como mortalidade e evolução para ventilação mecânica”.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo