Saúde
Parecer indica que remédios defendidos por Bolsonaro não ajudam pacientes com Covid
O documento ‘Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar’ entrou em consulta pública e servirá para a Saúde oficializar um protocolo
Um documento elaborado por um grupo técnico após solicitação do Ministério da Saúde não recomenda o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina em pacientes hospitalizados com Covid-19. Os remédios, que não têm qualquer eficácia demonstrada contra a doença, são defendidos reiteradamente pelo presidente Jair Bolsonaro.
O parecer, intitulado “Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19”, entrou oficialmente em consulta pública nesta segunda-feira 17, mediante publicação no Diário Oficial da União.
Diz trecho da publicação no DOU: “O SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E INSUMOS ESTRATÉGICOS EM SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE torna pública, nos termos do § 1º, do art. 19, do Decreto nº 7.646, de 21 de dezembro de 2011, consulta para manifestação da sociedade civil a respeito da recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde – Conitec, relativa à proposta de aprovação das Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19 – Capítulo 2: Tratamento Farmacológico, apresentada pelo Gabinete do Ministro de Estado da Saúde”.
Segundo o parecer, “alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimab não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”. O coordenador do estudo é o pneumologista Carlos Carvalho.
A ideia do Ministério da Saúde é definir um protocolo de atendimento hospitalar a pacientes que contraíram a Covid-19. Em depoimento à CPI da Covid no dia 6 de maio, o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, negou-se a responder se concorda com Bolsonaro quanto ao uso de medicamentos sem eficácia demonstrada.
“Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec. O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente”, disse Queiroga em um dos questionamentos.
Segundo o documento que entrou em consulta pública, “poucas terapias farmacológicas mostraram-se eficazes no tratamento da COVID-19, em pacientes hospitalizados, em especial agindo na resposta imunomodulatória”.
“À exceção de corticoesteróides e do tocilizumabe, ambos em pacientes com uso de oxigênio suplementar, não há outras terapias que mostraram benefício na prevenção de desfechos clinicamente relevantes como mortalidade e evolução para ventilação mecânica”.
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