Saúde

Ouro, comida e trabalho: as promessas feitas por garimpeiros que abusam de mulheres yanomami

Segundo o relatório, em 2020, três adolescentes de 13 anos morreram no território vítimas de estupro

Violentadas por garimpeiros, várias mulheres Yanomâmi deram à luz a filhos de seus algozes - Imagem: Andressa Anholete/Getty Images/AFP
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Um relatório produzido por associações yanomamis, publicado em abril do ano passado, detalha as diversas formas de abuso que garimpeiros de Roraima praticam contra crianças e mulheres no território indígena.

Os assédios envolvem promessa de ouro em troca de sexo, bebidas alcóolicas, armas, trabalho e materiais de alto valor como uma forma de garantirem acesso ao território.

“Aquela moça que você levou consigo é sua irmã? Se você fizer ela deitar comigo, sendo que você é o irmão mais velho dela, eu vou pagar 5 gramas de ouro”. O relato de um yanomami sobre a situação de assédios constantes consta no relatório “Yanomami Sob Ataque”, produzido pelas associações Hutukara e Wanasseduume Ye’kwana. Trechos do documento foram revelados em uma reportagem do UOL publicada nesta segunda-feira 30.

O relatório expõe ainda o assédio condicionado à oferta de alimento.

Yanomami: “Vocês estão tirando ouro de nossa floresta, vocês devem dar comida para nós sem trocar.”

Garimpeiro: “Vocês não peçam nossa comida à toa! É evidente que você não trouxe sua filha! Somente depois de deitar com tua filha eu te darei comida. Se você tiver uma filha e a der para mim, eu vou fazer aterrizar uma grande quantidade de comida que você vai comer! Você se alimentará!”

Garimpeiro: “Se eu pegar tua filha, não vou mesmo deixar vocês passarem necessidade!”.

Segundo o relatório, os indígenas jovens são o alvo predileto dos garimpeiros, que fazem as abordagens em comércio e até em postos de saúde. Os abusadores também costumam ofertar álcool a meninas e mulheres, durante eventos, para facilitar o abuso sexual posteriormente.

O cenário também tem contribuído para o quadro de infecções sexualmente transmissíveis entre meninas e mulheres do povo yanomami. Segundo um depoimento que consta no relatório, em 2020, três adolescentes de 13 anos morreram no território vítimas de estupro.

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