Política
Nelson Teich recusa convite para ser conselheiro do Ministério da Saúde
Ex-ministro disse que seria incoerente abraçar proposta de Eduardo Pazuello
Após deixar o Ministério da Saúde com menos de um mês no comando, o médico Nelson Teich não quer nem ser conselheiro da pasta. Em uma sequência de publicações na sua rede social, Teich disse que foi convidado pelo ministro interino Eduardo Pazuello para auxiliar o governo, mas abraçar a ideia “não seria coerente”.
“Agradeço ao ministro interino Eduardo Pazuello pelo convite para ser conselheiro do Ministério da Saúde, mas não seria coerente ter deixado o cargo de ministro da Saúde na semana passada e aceitar a posição de conselheiro na semana seguinte”, escreveu Teich.
O ex-ministro afirmou que, ao assumir a pasta, seu objetivo era instalar “um modelo de gestão mais técnica”, com “estratégia, planejamento, metas e ações baseadas em informações amplas e precisas, acompanhadas continuadamente de indicadores”.
Teich foi alçado a ministro da Saúde em 17 de abril, como substituto de Luiz Henrique Mandetta. À época, Mandetta enfrentava atritos com o presidente Jair Bolsonaro por discordâncias em relação à aplicação do isolamento social como forma de combate à proliferação do novo coronavírus.
No entanto, Teich pediu demissão em 15 de maio. Na data, fez um discurso de despedida apressado e não disse por que escolheu sair do governo. Em coletiva de imprensa, afirmou que deixou um plano de trabalho pronto a ser seguido, após realizar visitas a cidades atingidas.
Durante sua gestão, Teich foi criticado no Senado Federal por falta de ação. Parlamentares reclamaram que o então ministro passava dias buscando informações para “tentar entender a pandemia”, sem apresentar ações concretas.
Em vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira 22, é possível observar que a preocupação com a pandemia está em segundo plano para o governo federal. Conforme mostrou CartaCapital, Nelson Teich é um dos únicos a citar palavras relacionadas à crise do coronavírus, em uma reunião ministerial dominada por ataques a governadores e prefeitos favoráveis ao isolamento social.
Quando assumi o MS, o objetivo era trazer um modelo de gestão mais técnica, que aumentasse a eficiência do Sistema e melhorasse o nível de saúde da sociedade. Ser mais técnico não significa apenas uma condução médica mais técnica. Isso seria tratar o problema de forma simplista.
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 23, 2020
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