Política

Necessidade de intervenção no Distrito Sanitário Yanomami é muito clara, diz secretário de Saúde Indígena

Ricardo Weibe reforçou que todos os 34 coordenadores dos Distritos de Saúde Indígena na gestão Bolsonaro foram exonerados

Ativista e advogado Ricardo Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena — Foto: Reprodução
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O secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, reforçou nesta terça-feira 7 que ocorrerá uma intervenção federal no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, diante da falta de assistência às comunidades.

O anúncio oficial foi feito pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em coletiva de imprensa na segunda 6. 

“Temos de fato uma intenção de realizar uma intervenção aqui no DSEI Yanomami, e isso é muito claro para nós”, afirmou o secretário. Tapeba afirmou que todos os coordenadores dos 34 Distritos de Saúde Indígena indicados por Jair Bolsonaro (PL) já foram exonerados. Ainda nesta semana, há expectativa pelo anúncio de um novo coordenador para o DSEI Yanomami.

“Falo em intervenção porque de fato a Sesai estará fazendo esse processo de acompanhamento, trazendo e levando gente daqui para Brasília, para que a gente consiga estabelecer a normalidade administrativa e a eficiência no serviço ofertado”, destacou Tapeba. 

Em novembro passado, o Ministério Público Federal havia recomendado a intervenção, ante o resultado de investigações que apontavam indícios de desvio de recursos públicos. 

A sugestão ocorreu quando o MP recebeu uma denúncia de falta de medicamentos contra verminose e malária, sendo que o governo havia investido naquele período 3 milhões de reais em remédios básicos. A suspeita era de que só 30% de mais de 90 tipos de medicamentos fornecidos por uma das empresas contratadas foram de fato entregues. 

O secretário também informou que os contratos dos Distritos de Saúde foram auditados pelo Ministério da Saúde e serão submetidos ao Tribunal de Contas da União. 

O DSEI Yanomami é o distrito que mais recebe verbas em todo o Brasil, segundo o MPF. São mais de 200 milhões de reais desde 2020.

“Evidentemente, muitos políticos que estão envolvidos no aparelhamento no DSEI têm relação direta com o garimpo, também”, declarou Tapeba. “Tem investigações em curso na PF em que vamos ter um desfecho muito grande, e tenho certeza de que muita gente será, inclusive, presa.”

Questionado sobre os possíveis envolvidos, o secretário ponderou que os inquéritos estão sob responsabilidade da PF.

Entre as próximas ações destacadas pela secretaria estão a criação de um hospital de campanha no Território Yanomami e uma unidade de Saúde de média complexidade — até agora, os doentes têm sido resgatados e levados a um hospital de campanha em Boa Vista ou no polo-base de saúde de Surucucu, a 270 quilômetros da capital.

O TI Yanomami possui cinco unidades básicas de Saúde, mas apenas três estão em condições mínimas para prestar atendimento aos cerca de 30 mil indígenas. 

A extensa maioria dos casos diagnosticados no último mês, entre os mais de mil pacientes resgatados, seguem esta ordem: desnutrição, pneumonia e malária. 

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