Saúde

Mortes por desnutrição de Yanomamis cresceram 331% no governo Bolsonaro

Entre 2015 e 2018, foram 41 mortes por desnutrição, enquanto 177 foram registradas sob o governo Bolsonaro

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O número de mortes por desnutrição entre indígenas Yanomami cresceu 331% durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em comparação aos quatro anos anteriores. Os dados, revelados nesta sexta-feira 17, são da BBC News Brasil e foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

Nos quatro anos anteriores ao mandato Bolsonaro, foram registradas 41 mortes relacionadas a algum tipo de desnutrição entre a população Yanomami. Entre 2019 e 2022, 177 indígenas Yanomamis morreram em razão do quadro de desnutrição.

O número de óbitos pode ser ainda maior, uma vez que os dados de 2022 ainda não foram totalmente contabilizados.

O crescimento das mortes por desnutrição entre os Yanomamis aconteceu já no primeiro ano do governo do ex-capitão, com 36 casos. Em 2018, por exemplo, foram 7 mortes registradas. O pico, segundo o levantamento, aconteceu em 2021, quando 60 indígenas Yanomami morreram por conta de desnutrição.

No ano de 2022, a desnutrição foi a segunda maior causa de óbitos entre os indígenas Yanomami (41 registros), superada apenas pela pneumonia, com 70 casos fatais. Como o número de mortes por desnutrição em 2022 é provisório, essa causa poderá superar a pneumonia. Tanto as mortes relacionadas com a desnutrição, quanto as que guardam relação com a pneumonia, são resultados do garimpo ilegal, da devastação ambiental e da piora das condições gerais de saúde indígena na região.

Os dados revelados hoje mostraram, também, que os grupos mais afetados pelas mortes por desnutrição foram crianças e idosos. Dos 41 óbitos por desnutrição em 2022, 25 foram entre indígenas acima de 60. Entre crianças de 0 a 9 anos de idade, foram 11.

Segundo dados revelados pelo Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena (DAPSI), do Ministério da Saúde, na última terça-feira 14, quase 55% das crianças Yanomami atendidas entre 2019 e 2022 Subsistema de Atenção à Saúde Indígena no Sistema Único de Saúde (SasiSUS) estavam abaixo ou muito abaixo do peso ideal para as suas idades, mostrando sinais de desnutrição.

População Yanomami pede água potável e relata a destruição dos rios por causa do garimpo ilegal

A relação entre o garimpo legal, o desmonte nas políticas públicas para a população indígena durante o governo Bolsonaro e a crise humanitária vivida pela população Yanomami vem sendo investigadas pelas autoridades do governo federal. São vários os casos de desnutrição relatados, da falta de condições mínimas de saúde e de registros da atividade do garimpo, que o governo federal tenta combater.

Nesta sexta-feira 17, a Agência Brasil divulgou relatos de indígenas Yanomami pedindo água potável para consumo pelas comunidades locais, no oeste de Roraima e no norte do Amazonas.

Na região de Surucucu, Ivo Yanomami, tuxaua, líder da comunidade de Xirimifik disse “nós ‘toma’ [água] e barriga dó”. Ele afirma que há muita água suja. Em Boa Vista (RR), um outro indígena, Enenexi Yanomami, relata: “água suja para comer, estraga o peixe. Crianças muito fracas”. Assim como Ivo, ele também diz que, ao beber água, sente dor na barriga.

O pedido de água potável ocorre porque a água da região está contaminada por metais pesados que são usados por garimpeiros na extração ilegal de ouro. Essa é a análise do líder indígena Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’uana (Codisi-YY).

“A água é o principal para a vida das comunidades”, ele observa. “E não há água, como a gente vê, porque está toda contaminada. Não temos mais água, só lama. Estamos falando só em garantir alimentação, mas a gente precisa, também, de um sistema de água para as comunidades”, denuncia o líder indígena. 

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