Saúde
Fiocruz: sistema de saúde do Rio ‘volta a apresentar sinais de colapso’
Taxa de óbitos em casa no mês de novembro supera registro do pico da pandemia na cidade
Nota técnica divulgada pelo grupo de estudo Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que o sistema de saúde da cidade do Rio de Janeiro “voltou a apresentar sinais de colapso”.
Na terça-feira 1º, o diretor da Associação de Hospitais Privados do Rio, Graccho Alvim, informou que chega a 98% a taxa de ocupação de leitos de UTI na rede privada do município. Também na terça, a Prefeitura do Rio informou que a taxa de ocupação na rede SUS é de 91%; nos leitos de enfermaria, 81%.
No contexto da pandemia do novo coronavírus, o Monitora Covid-19 comparou os dados sobre mortes em domicílio na capital fluminense até o dia 20 de novembro com os três anos anteriores. Segundo o grupo, a proporção de óbitos em casa é de 15%, ante menos de 13% no período anterior. Além disso, a proporção registrada em novembro supera a verificada no pico da disseminação de Covid-19.
“Nos anos anteriores, havia uma média de 12,7% de óbitos que ocorriam nos domicílios. Esse padrão foi ultrapassado de março a maio de 2020. De maio a outubro houve uma redução do indicador, mas em outubro e novembro os valores voltaram a subir, chegando a 15% em novembro, o que pode demonstrar a incapacidade de diagnóstico e de internação de casos graves, tanto de doenças crônicas, quanto de Covid-19”, diz trecho da nota técnica do grupo da Fiocruz.
O Monitora Covid-19 também indicou que do total de mortes por coronavírus na cidade do Rio de Janeiro, apenas 40% se deram comprovadamente em leitos de UTI.
“Do total de óbitos por Covid-19 ocorridos e registrados no SIVEP-Gripe, 40,5% (5.107 óbitos) ocorreram dentro de uma UTI, 27% (3.434 óbitos) fora de uma UTI, e incríveis 32,5% (4.065 óbitos) não apresentam informação se o óbito ocorreu dentro ou fora de uma UTI. É muito provável que a maior parte dos casos sem registro de informação de UTI tenha ocorrido fora de uma UTI. Considerando isso, conclui-se que provavelmente mais da metade da população que veio a óbito por Covid-19 no município sequer teve a chance de receber atendimento intensivo”, apontam os especialistas.
“Mesmo dentre os casos de Covid-19 que foram internados em hospitais, a maior parte ocorreu fora de UTIs. Esse padrão permanece alto, mostrando a incapacidade de atender a casos graves da doença no município. Esses números mostram que o sistema de saúde da cidade do Rio de Janeiro voltou a apresentar sinais de colapso, tanto para as causas de mortalidade diretamente, quanto para as indiretamente relacionadas à epidemia de Covid-19”, reforça o grupo.
Leia também
Dados sugerem que segunda onda de Covid-19 chegou antes do fim da primeira
Por CartaCapitalPazuello: Brasil tem no máximo três opções de vacina contra Covid-19
Por Leonardo MiazzoDocumentos para registro da Coronavac ficam prontos na próxima semana
Por CartaCapitalUm minuto, por favor…
O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.
Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.
Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.
Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.
Assine a edição semanal da revista;
Ou contribua, com o quanto puder.