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Covid no Brasil está fora de controle e virou bomba-relógio, diz imprensa internacional

O The Guardian relembra o ceticismo do presidente Jair Bolsonaro no início da pandemia; veja a repercussão

Parentes choram durante o funeral da vítima da Covid-19. Foto: Michael DANTAS / AFP
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A aceleração da pandemia de Covid-19 no Brasil foi destaque na imprensa internacional na quarta-feira 24. Emissoras de rádio, televisão e diversos jornais noticiaram o recorde de mais de 3 mil mortos registrado em 24 horas no país e afirmam que a situação brasileira está “fora de controle”.

“O Brasil registrou 3.258 mortes por Covid-19 ontem, a primeira vez que ultrapassou 3.000 mortes em um dia, em meio a apelos para que o governo e o novo Ministro da Saúde implementem medidas para conter o aumento das infecções”, resume o jornal mexicano La Jornada. “Nas últimas semanas, a maior nação da América Latina se tornou o epicentro global da pandemia, relatando mais mortes diárias por coronavírus do que qualquer outro país”, continua o diário.

O mesmo tom foi adotado pelo jornal francês Le Figaro e pelo canal de televisão BFM, que reproduzem as informações divulgadas pelas agências de notícias europeias na manhã desta quarta-feira. “O Brasil se afunda em uma crise sanitária fora de controle” lança a emissora.

“Grandes estados como São Paulo e Rio de Janeiro fecharam restaurantes e bares nas últimas semanas, e os governadores estão lutando para evitar um colapso total de hospitais com praias isoladas e feriados antecipados para manter as pessoas em casa”, relata a agência de notícias Bloomberg.

O jornal regional francês Ouest France chegou a fazer um vídeo em seu site sobre a situação brasileira. Para o diário, o país está “à beira do abismo”. As imagens mostram a população fazendo um panelaço durante o discurso do presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira (23). “Eles protestam contra a má gestão da crise sanitária pelo governo”, explica a legenda.

A manifestação contra o chefe de Estado também foi destaque no site do Voice of America. “A forma como Bolsonaro está lidando com a pandemia há mais de um ano não parece ter gerado muita confiança entre os cidadãos”, afirma o VOA.

“Bolsonaro tenta transmitir tranquilidade e garante vacinas para o Brasil”, dá em título o uruguaio Ultima Hora. O jornal também relata em seu site o panelaço contra o chefe de Estado e afirma que o protesto “reflete a forte queda de apoio à Bolsonaro detectada nas últimas pesquisas, que mostram um índice de aprovação de 30% e uma perda de 10 pontos em três meses”.

Como a manchete “Fúria após Bolsonaro dizer que as pessoas logo levarão ‘vidas normais'”, o jornal britânico The Guardian também noticia os protestos. O diário relembra o ceticismo do presidente no início da pandemia e ressalta que o discurso dessa terça-feira acontece praticamente um ano após o chefe de Estado fazer um pronunciamento no qual dizia que “os temores sobre a pandemia eram exagerados”.

Um massacre com mortos amontoados nos hospitais

“A virulência da segunda onda da pandemia colocou o sistema de saúde sob tensão, com a taxa de ocupação dos serviços de reanimação acima de 80% na maioria dos 27 estados brasileiros”, aponta a revista francesa L’Obs em seu site.

O jornal francês Le Parisien Aujourd’hui en France diz que o Brasil vive “um massacre”, com “mortos amontoados nos corredores dos hospitais e falta de oxigênio”. O tabloide lembra que o país já sofreu com a escassez de cilindros de ar em Manaus em janeiro, quando “as pessoas tiveram que procurar o produto no mercado negro”. Os representantes do governo devem se reunir com os principais fornecedores esta semana “para evitar que o pesadelo se repita”, aponta o jornal.

Antes mesmo da divulgação do balanço de 3 mil mortos, o site do canal francês de rádio e televisão FranceInfo dizia, na terça-feira, que o cenário brasileiro era preocupante. A emissora insiste que mais de 3 mil pacientes esperam uma vaga nos serviços de cuidados intensivos, que a variante brasileira é mais contagiosa, que a campanha de vacinação não avança e que a estratégia de Bolsonaro é criticada. O site retomou uma declaração feita por Michael Ryan, da OMS, que chamava a atenção para o impacto internacional da crise no Brasil e resume: “o país se tornou uma bomba relógio para o resto do mundo”.

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