Saúde

Comer mal mata mais do que cigarro, diz estudo

Uma má dieta é fator de risco responsável pelo maior número de mortes no mundo, aponta trabalho publicado em The Lancet

O excesso de doces estimula o diabetes (Foto: Pixabay)
Apoie Siga-nos no

Seres humanos em todo o mundo estão comendo muito pouco alimentos saudáveis e demais dos não saudáveis, afirmou um estudo científico publicado nesta quinta-feira 4 na revista médica The Lancet.

Segundo o estudo, uma má dieta alimentar é responsável por mais mortes do que qualquer outro fator de risco, incluindo o hábito de fumar. Cerca de 11 milhões de indivíduos morrem todos os anos devido à má alimentação.

Uma em cada cinco mortes no mundo em 2017 estava associada a uma má dieta alimentar, que provoca doenças cardiovasculares, cânceres e diabetes tipo 2. O cigarro matou 8 milhões, afirma o estudo.

O estudo Carga global da doença examinou as tendências de consumo de acordo com 15 fatores, entre 1990 e 2017, em 195 países.

A maior proporção de mortes relacionadas com a dieta alimentar foi registrada no Uzbequistão (195º colocado), seguido por Afeganistão, ilhas Marshall e Papua Nova Guiné. Os países que tiveram a menor proporção desse tipo de morte foram Israel, com apenas 89 óbitos por 100 mil habitantes, seguido por França, Espanha, Japão e Andorra. O Brasil ficou na 50ª colocação.

Leia também: Dieta Já!

“Este estudo afirma o que muitos pensam há vários anos: que uma dieta pobre é responsável por mais mortes do que qualquer outro fator de risco no mundo”, disse o autor da pesquisa Christopher Murray, da Universidade de Washington.

O cigarro matou 8 milhões em 2017 (Foto: Pixabay)

Na média global, o consumo per capita de bebidas com açúcar é dez vezes superior ao recomendado, e o de sódio, 86% superior. Os indivíduos comem, em média, apenas 12% da quantidade recomendada de nozes e grãos. O consumo de carne vermelha é 18% superior ao considerado adequado.

No Brasil, detectou-se uma deficiência de consumo de grãos e cereais integrais, assim como nos Estados Unidos, na Alemanha, na Nigéria, na Rússia e no Irã.

Leia também: Obesidade e sedentarismo na mira

O estudo concluiu que as dietas mais associadas às mortes são aquelas com muito sódio e insuficiente ingestão de frutas, verduras, legumes, frutas secas e ômega-3. A ingestão de bebidas doces, açúcares, gorduras e carne vermelha têm menor influência.

Para os pesquisadores, portanto, “as mortes se associam mais com não comer suficientemente alimentos saudáveis do que com comer demais dos que são ruins para a saúde”.

Segundo os dados, das 11 milhões de mortes, 10 milhões foram por doenças cardiovasculares, 913 mil por câncer e 339 mil por diabetes tipo 2.

Manter uma dieta saudável e equilibrada não depende, no entanto, apenas da vontade pessoal. A pesquisa mostra que a desigualdade econômica influencia negativamente nas escolhas alimentares. Em média, chegar às porções de frutas e vegetais recomendadas pelos médicos (cinco por dia) custa apenas 2% da renda das famílias nos países ricos, mas mais da metade da renda familiar nos mais pobres.

A partir do estudo, os autores defendem que as autoridades devem se concentrar em impulsionar dietas equilibradas e o acesso a produtos saudáveis em vez de focar na restrição de alimentos menos saudáveis.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo