Saúde
CFM proíbe prescrição de anabolizantes com finalidade estética e esportiva
Resolução do órgão apontou a falta de estudos sobre o tema e chama a atenção para a proliferação de cursos voltados à prescrição da terapia hormonal


O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, na edição desta terça-feira 11 do Diário Oficial da União (DOU), uma resolução que proíbe que profissionais de medicina prescrevam terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes com finalidade estética, para ganho de massa muscular e melhora do desempenho esportivo.
De acordo com a resolução do CFM, as terapias de reposição hormonal somente devem ser indicadas em caso de “deficiência específica comprovada”, de maneira que exista relação entre a deficiência e o quadro clínico da pessoa atendida, ou de “deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados”.
A autarquia considerou que ainda não é seguro indicar a hormonioterapia anabolizante para fins estéticos e esportivos, uma vez que não existem estudos clínicos de qualidade, segundo o CFM, que demonstrem os riscos associados à terapia hormonal, tanto em homens quanto em mulheres.
Na resolução, o CFM chama a atenção, também, para a “proliferação de cursos de extensão, educação continuada e pós-graduação sobre terapias hormonais voltadas à estética e ganho de desempenho esportivo”, sem base científica segura. A autarquia destaca, ainda, que “o ambiente virtual das mídias sociais propicia meio de difusão de terapias não comprovadas e potencialmente danosas”.
De fato, cursos de “reposição hormonal”, voltados à prescrição da terapia, ainda podem ser encontrados em plataformas virtuais de ensino. Alguns podem chegar ao valor de 7.500 reais para um treinamento de quatro dias.
Em redes sociais como o Instagram, por exemplo, perfis de profissionais da medicina que promovem a terapia hormonal possuem, em alguns casos, dezenas de milhares de seguidores.
Ultimamente, têm aumentado os casos de prescrição de esteroides anabolizantes com fins estéticos, por exemplo, como perda de gordura. Em outros casos, as prescrições são voltadas para melhora do desempenho esportivo.
O Ministério da Saúde, através de publicação da sua Biblioteca Virtual de Saúde, aponta que o uso de anabolizantes para fins estéticos ou para aumentar o rendimento esportivo gera risco para a saúde. A prescrição inadequada pode levar a sintomas como aumento da pressão sanguínea, tumores no fígado e no pâncreas, alterações nos níveis de coagulação sanguínea e de colesterol, assim como tremores e retenção de líquidos.
A venda ilegal de anabolizantes resultou, no final de março, em uma operação da Polícia Federal que prendeu um homem no Espírito Santo. Os policiais encontraram um depósito de medicamentos sem procedência, adquiridos em estabelecimento sem licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entre os medicamentos apreendidos, estava o esteroide anabólico sintético conhecido como Metenolona, importado ilegalmente.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

CFM vai apurar conduta de médica que defendeu atos golpistas nas redes sociais
Por Wendal Carmo
O negacionismo do uso terapêutico da maconha foi derrotado no CFM. Por enquanto
Por Luciana Boiteux
CFM suspende resolução que restringe uso de canabidiol
Por CartaCapital