Justiça
Zanin marca audiências sobre monitoramento secreto de celulares após ‘Abin paralela’
A PGR acionou o STF a fim de cobrar a fixação de uma data para o Congresso deliberar sobre o tema


O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira 16 a realização de audiências públicas para debater a ausência de leis sobre o monitoramento virtual secreto de cidadãos, por meio dos chamados softwares espiões.
Em dezembro de 2023, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu que a Corte determinasse um prazo para o Congresso Nacional elaborar uma lei a fim de regulamentar a utilização desses programas. Segundo o órgão, a omissão do Legislativo provoca uma “redução arbitrária e injustificada do nível de proteção das garantias fundamentais”.
A PGR também solicitou que o STF explicite as “balizas sistêmicas que afastem arbitrariedades no uso, por órgãos e agentes públicos em atividades de inteligência ou investigação criminal, de programas de intrusão virtual remota e/ou de ferramentas de monitoramento secreto e invasivo de aparelhos digitais de comunicação pessoal”.
Ao agendar as audiências públicas para 10 e 11 de junho, Zanin afirmou que o tema apresenta relevância jurídica e social e envolve “valiosos interesses”. Participarão das sessões especialistas e representantes do poder público e da sociedade civil, a fim de embasar a decisão do STF.
O tema ganhou tração nos últimos meses, com o avanço das investigações sobre o monitoramento ilegal de brasileiros pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A Polícia Federal investiga uma suposta organização criminosa instalada na Abin, à época chefiada por Alexandre Ramagem (hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro), entre julho de 2019 e abril de 2022. O esquema serviria para monitorar desafetos da gestão Bolsonaro, por meio de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis, sem autorização judicial.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Defesa do X contraria Musk e diz ao STF que continuará cumprindo ordens judiciais no Brasil
Por CartaCapital
STF aponta entrada ilegal de policiais em domicílio e anula condenação por tráfico
Por CartaCapital
Musk x Moraes: artigo na revista The Economist questiona poder ‘descomunal’ do STF
Por CartaCapital