Política

‘Xaropada’, diz Bolsonaro sobre alertas contra o desmatamento na Amazônia

O ex-capitão fez galhofa sobre riscos ambientais, um dia após o anúncio da maior destruição em 15 anos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ao lado do filho Eduardo. Foto: Reprodução
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O presidente Jair Bolsonaro chamou de “xaropada” os alertas sobre o desmatamento na Amazônia, um dia após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, anunciar a pior taxa na devastação da floresta nos últimos 15 anos.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta sexta-feira 19, Bolsonaro criticou a imprensa e os líderes internacionais que demonstram preocupação com o drama ambiental no Brasil e disse que “a Floresta Amazônica não pega fogo”.

Ao lado do filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Bolsonaro resgatou publicação do jornal O Estado de S. Paulo de 1985 que reportava a possibilidade de a Amazônia se tornar, em 2010, uma “imensidão de areia”. Na sequência, o presidente disse que “não aconteceu nada disso” e criticou uma recente matéria do site Jornal de Brasília que diz que “a Amazônia está perto de ponto irreversível e pode virar deserto”.

“A mesma xaropada de sempre”, comentou Bolsonaro.

O presidente disse que, em Portugal, chegou a destratar um homem francês que havia lhe abordado para fazer reclamações sobre as queimadas na Amazônia.

“A resposta que eu dei para ele eu não posso dizer para vocês aqui”, afirmou Bolsonaro na live. “Eu quero saber das florestas da França, qual é a energia da França. Qual é a fonte? Eu quero saber se tem mata ciliar na França. Se estão reflorestando na França. Agora, por que esse idiota veio falar isso pra gente? Porque fica lendo notícias mentirosas que vêm do Brasil, falando mal da Amazônia.”

Assim como já fez em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Bolsonaro voltou a negar a ocorrência de incêndios na Amazônia.

“O pessoal fica fazendo chacota comigo. A Floresta Amazônica não pega fogo. Eu tenho viajado à Amazônia, não pega fogo. Pega na grande periferia. E geralmente os focos de incêndio são quase no mesmo lugar”, disse o presidente.

Como solução, o chefe do Executivo propôs a aprovação da regulação fundiária no Congresso Nacional, projeto defendido pelo seu antigo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e criticado por ambientalistas.

Na quinta-feira 18, repercutiu negativamente o anúncio de que o desmatamento atingiu o índice mais grave desde 2006, com alta de 22% entre agosto de 2020 e julho de 2021, chegando a 13.235 km².

Entre as principais críticas de entidades e políticos, estiveram a de que Bolsonaro omitiu os dados à COP-26, realizada recentemente pela ONU, e a de que o governo não promove políticas públicas para reter a destruição ambiental.

Investigação da equipe O Joio e o Trigo, publicada em outubro no site de CartaCapital, mostrou que o agronegócio é um dos principais atores das derrubadas da floresta, processo que, segundo especialistas, pode levar a Amazônia a um caminho sem retorno.

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