Política
Valdemar Costa Neto afirma que Bolsonaro cometeu ‘erro de comunicação’ na Reforma Tributária
O presidente do PL disse que o partido ainda pode mudar de posição no Senado, dependendo das alterações. O ex-capitão segue criticando a proposta


O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro ‘errou na comunicação’ ao se declarar contra a Reforma Tributária e afirmou que o partido ainda pode mudar de posição no Senado.
“O Bolsonaro não é contra a Reforma Tributária. É contra a forma que eles fizeram”, disse, em entrevista à Folha de São Paulo. “Ele não se explicou bem, foi erro de comunicação”, acrescentou.
Valdemar afirmou ainda que todos os integrantes da legenda são favoráveis à reforma tributária e justificou que os votos contra foram devido às mudanças no texto feitas, no dia, pelo relator na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Dos 99 deputados do PL, apenas 20 votaram a favor da proposta e foram taxados de ‘comunistas’ pelos demais integrantes do partido.O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu aos aliados que não aprovassem a medida. Após a votação, os integrantes da legenda protagonizaram um bate-boca em um grupo de whatsapp.
Durante a entrevista, Valdemar da Costa Neto disse que as brigas são resultado de uma “explosão” da direita e da entrada de pessoas inexperientes na política. “O que acontece é o seguinte, esse pessoal nunca fez parte de bancadas grandes. Quando a pauta tratar de assuntos que nós defendemos, como a família, liberdade, vamos ter os 99 votos. Agora, quando se trata de assunto de lei, há essa dissidência, que é normal”.
O presidente da legenda afirmou ainda que, no partido, a palavra final é do ex-capitão. “Nós temos que preservar o Bolsonaro, porque ele é uma máquina de votos e o partido vive disso”
Bolsonaro segue se manifestando contra a Reforma Tributária
Neste domingo 23, Bolsonaro voltou a se posicionar contra a aprovação da Reforma Tributária. Em publicação em suas redes sociais, disse que a sobretaxação de produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, determinada no projeto, poderá levar à inflação, ao desemprego e ao desabastecimento da economia.
“Mais que pontos ainda obscuros, tal como a ausência de uma alíquota base ou detalhes operacionais da divisão dos impostos entre os entes federativos, a reforma tributária permite ainda ao presidente (aquele que tem orgulho em ser chamado de comunista) sobretaxar tudo aquilo que ele julgue ser prejudicial à saúde ou ao planeta”, escreveu.
Aprovada na Câmara dos Deputados, a reforma prevê a criação de um imposto seletivo que deve incidir sobre a produção, a comercialização ou a importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente desonerando as exportações. O texto, porém, não detalha quais itens serão sobretaxados.
Ainda em sua publicação, o ex-presidente afirmou que a sobretaxação pode afetar o custo dos transportes, ao elevar o preço dos combustíveis. A proposta, no entanto, determina que os combustíveis e os lubrificantes terão um regime tributário específico e com alíquota uniforme. Também define que a tributação será aplicada uma única vez em toda a cadeia de um produto ou serviço. Logo, os combustíveis fósseis não serão sobretaxados com imposto seletivo.
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