Justiça
Único a votar para tirar Moraes do inquérito do golpe, Mendonça já bateu boca com o ministro sobre o 8 de Janeiro
Nove ministros, incluindo Kassio Nunes Marques, votaram para manter o relator da investigação


Único a votar pelo impedimento de Alexandre de Moraes no comando do inquérito sobre a trama golpista de 2022, André Mendonça já discutiu com o ministro no plenário do Supremo Tribunal Federal sobre os ataques de 8 de Janeiro de 2023.
Apesar do voto de Mendonça, os outros nove ministros rejeitaram a solicitação de Bolsonaro. Moraes não participou do julgamento.
O bate-boca entre os magistrados ocorreu em 14 de setembro de 2023. Na ocasião, a Corte julgava o primeiro réu por envolvimento nos atos golpistas contra as sedes dos Três Poderes. Mendonça, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL), lembrou sua atuação em datas como o 7 de Setembro. Na sequência, disse não entender “como o Palácio do Planalto foi invadido da forma como foi invadido”.
Moraes interrompeu o colega e ressaltou ter havido omissão da Polícia Militar do Distrito Federal no 8 de Janeiro.
“Eu também fui ministro da Justiça e sabemos, nós dois, que o ministro da Justiça não pode utilizar a Força Nacional se não houver autorização do governo do Distrito Federal, porque isso fere o princípio federativo”, prosseguiu.
Moraes também disse considerar “um absurdo” Mendonça “querer falar que a culpa do 8 de Janeiro é do ministro da Justiça”.
“Vossa excelência é que está dizendo isso. Eu queria, o Brasil quer ver esses vídeos do Ministério da Justiça”, respondeu Mendonça.
“É um absurdo, quando cinco comandantes [da PM] estão presos, quando o ex-ministro da Justiça [Anderson Torres] fugiu para os Estados Unidos, jogou o celular dele no lixo e foi preso. E, agora, vossa excelência vem, no plenário do STF, que foi destruído, dizer que houve uma conspiração do governo contra o próprio governo? Tenha dó”, completou Moraes.
“Não coloque palavras na minha boca. Tenha dó vossa excelência”, devolveu Mendonça.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Anistia a golpistas é inaceitável e PGR deve apresentar denúncias, defende Gilmar Mendes
Por Leonardo Miazzo e Thais Reis Oliveira
STF condena Roberto Jefferson a mais de 9 anos de prisão
Por CartaCapital
Por 9 a 1, STF nega pedido de Bolsonaro e mantém Moraes no inquérito do golpe
Por CartaCapital