Política

Trabalhador morre em ‘clima de terror’ por demissões na Proguaru, diz Sindicato

José Benedito Pinto, de 70 anos, passou mal à espera de um protesto em Guarulhos, no dia em que as dispensas começaram

Trabalhador morre em ‘clima de terror’ por demissões na Proguaru, diz Sindicato
Trabalhador morre em ‘clima de terror’ por demissões na Proguaru, diz Sindicato
Trabalhadores realizam ato contra demissõesn a Proguaru, em Guarulhos. Foto: Sindicato dos Servidores de Guarulhos
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O Sindicato dos Servidores de Guarulhos, em São Paulo, comunicou a morte de José Benedito Pinto, um trabalhador de 70 anos que passou mal enquanto aguardava a realização de um protesto por volta das 9h desta sexta-feira 10. Ele era agente de portaria da Proguaru, empresa pública do município que está em processo de privatização.

 

Segundo o Sindicato, as demissões em massa tiveram início nesta sexta. Em nota, a organização informou que José Benedito Pinto trabalhava na Proguaru desde 2000 e responsabilizou o contexto de “apreensão” instaurado com as dispensas. A empresa tem cerca de 4,7 mil funcionários, com média salarial de 1,2 mil reais.

“A extinção da Proguaru criou um clima de terror e tensão entre os empregados”, afirmou o Sindicato ao anunciar o óbito. “A tragédia que estava no ar hoje desceu ao nível do chão e fulminou um trabalhador de 70 anos.”

De acordo com a organização, o trabalhador foi assistido por guardas municipais, na Rua Alzimar Vargas Batista, 284, Parque Continental II, e levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu.

Fundada em 1979, a Proguaru é uma companhia municipal que executa serviços como varrição, coleta e remoção de lixo, fabricação de asfalto e construções públicas, entre outras atividades. Conforme CartaCapital mostrou em reportagem de setembro, há uma guerra de propostas para a empresa.

Segundo a Prefeitura, de Gustavo Henric Costa (PSD), conhecido como Guti, a Proguaru está à beira da falência e poderá fazer economias de até 50% no orçamento se a administração terceirizar os serviços. Já o presidente da Comissão Especial de Estudos da Proguaru, o vereador Edmilson Souza (PSOL), diz que há vícios jurídicos no processo de extinção da empresa e que um plano de recuperação poderia considerar outras alternativas.

Os grevistas haviam ingressado no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo para que a Corte permitisse a realização de um referendo que consultasse a população da cidade sobre a privatização. O Tribunal rejeitou a proposta, mas ainda não publicou o acórdão. A expectativa é de que os proponentes recorram ao Tribunal Superior Eleitoral.

De acordo com o Sindicato, uma decisão da 2ª Vara da Fazenda de Guarulhos determina que não haja demissões até que o TRE-SP publique o acórdão. Outra decisão, do Tribunal Regional do Trabalho, autorizou estabilidade para os trabalhadores até 6 de janeiro do ano que vem.

Uma terceira ação foi movida no Supremo Tribunal Federal, mas, segundo o Sindicato, a relatora, Cármen Lúcia, decidiu que não poderia julgar o caso enquanto houvesse tramitação em outras Cortes.

O Sindicato tem orientado os trabalhadores a não assinarem as cartas de demissão enquanto a questão estiver sob análise da Justiça.

Em nota de setembro, a administração municipal disse que “as empresas contratadas poderão absorver boa parte dos funcionários, já que demandarão sua mão de obra e os atuais servidores da Proguaru já têm a habilitação necessária. Ou seja, não ocorrerá a demissão em massa, mas sim a substituição dos empregadores”.

Veja manifestação da Proguaru

Diante de informações deturpadas que circulam em redes sociais, a Proguaru esclarece que escolheu o CEU Continental para promover o desligamento de servidores, pela estrutura ofertada no local, com espaço adequado para a espera do pessoal (400 por dia), devidamente sentado, além de sanitários, água e café em espaço coberto e ventilado, incluindo ar condicionado no auditório.

No entanto, um grupo de sindicalistas e políticos de oposição, desde as primeiras horas da manhã, impediu que muitos deles adentrassem ao local, mantendo-os na calçada e expostos ao sol.

Infelizmente, foi neste ambiente, onde se concentrou o protesto, que um servidor passou mal e veio a falecer.

A Proguaru lamenta o falecimento do funcionário José Benedito Pinto, 70, Agente de Portaria, após passar mal nas dependências do CEU Continental. A empresa está prestando toda a assistência aos familiares neste triste momento.

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