Política

Tentativa de reaver joias sauditas começou com pedido de Bolsonaro, diz ajudante de ordens à PF

Mauro Cid alegou ter sido informado pelo ex-capitão em dezembro de 2022 sobre a existência de um pacote apreeendido pelo Fisco

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que a tentativa frustrada de recuperar as joias sauditas retidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos (SP) começou com um pedido do ex-presidente.

O teor da oitiva foi revelado nesta sexta-feira 14 pelo G1. Cid alegou à PF ter sido informado por Bolsonaro em dezembro de 2022 sobre a existência de um pacote apreeendido pelo Fisco. A solicitação do ex-capitão era para que o auxiliar checasse a possibilidade de liberar os itens. Cid declarou, porém, não ter havido uma ordem.

Mauro Cid disse aos investigadores ter acionado o então secretário especial da Receita, Júlio César Vieira Gomes, que confirmou a retenção do conjunto e revelou a existência de um pedido de liberação datado de novembro de 2021, em nome do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Na sequência, Cid disse ter sido orientado por Gomes sobre o documento necessário para retirar o presente. Não houve, porém, sucesso na empreitada.

Em depoimento à PF em 5 de abril, Bolsonaro alegou que só teria tomado conhecimento no final de 2022 sobre as joias sauditas apreendidas pela Receita. Documentos de seu governo, no entanto, colocam em xeque a afirmação.

O escândalo foi revelado em março pelo jornal O Estado de S. Paulo. O veículo também mostrou que houve pelo menos oito tentativas de reaver o estojo, três delas ainda em 2021. Uma delas, em 29 de outubro daquele ano, partiu do chefe de gabinete adjunto de Documentação Histórica do próprio gabinete pessoal de Bolsonaro. Marcelo da Silva Vieira enviou um ofício ao chefe de gabinete do ministro de Minas e Energia, José Roberto Bueno Júnior, afirmando que o encaminhamento das joias ocorreria e que a análise seria para incorporá-las ao “acervo privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República”.

Ao todo, as autoridades tomaram conhecimento de três conjuntos. O primeiro deles, avaliado em 16,5 milhões de reais, era de itens femininos da marca suíça Chopard que seriam um presente à então primeira-dama Michelle Bolsonaro. Formavam o conjunto:

  • um colar;
  • um anel;
  • um relógio; e
  • brincos de diamantes com um certificado de autenticidade.

Este conjunto foi apreendido pelo Fisco quando uma comitiva liderada por Bento Albuquerque desembarcou no Aeroporto de Guarulhos, em outubro de 2021. Ele já está sob controle da PF para perícia.

O segundo kit estava em posse de Bolsonaro e também não foi declarado à Receita. Ele foi devolvido no final de março por ordem do Tribunal de Contas da União e é composto por:

  • um relógio;
  • uma caneta;
  • um anel;
  • duas abotoaduras; e
  • um tipo de rosário conhecido como masbaha.

O terceiro estojo, também incorporado ilegalmente por Bolsonaro ao seu acervo pessoal, foi entregue a uma agência da Caixa Econômica Federal em Brasília em 4 de abril, mais uma vez por determinação do TCU. Ele é formado por:

  • um relógio de pulso da marca Rolex;
  • uma caneta roller ball da marca Chopard com tampa cravejada de diamantes;
  • um par de abotoaduras;
  • um anel confeccionado em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro; e
  • um rosário feito de ouro branco e com detalhes em diamante.

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