Política

Tarcísio preocupa, mas dá sinais melhores do que o bolsonarismo, diz Marina Helou

Parlamentar é a única representante do partido Rede Sustentabilidade na legislatura da Alesp, iniciada nesta quarta-feira 15

Marina Helou
Marina Helou. Foto: Divulgação Marina Helou. Foto: Divulgação
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Reeleita e empossada como deputada estadual em São Paulo nesta quarta-feira 15, Marina Helou é a única representante do partido Rede Sustentabilidade entre os 94 parlamentares Assembleia Legislativa. Durante a campanha eleitoral, apareceu ao lado de Marina Silva, hoje ministra do Meio Ambiente e da Mudança Climática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em entrevista à CartaCapital, Helou diz que o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) é preocupante, por ele ter sido ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas considera “sinalizações melhores que o bolsonarismo” até agora. Como exemplo, ela mencionou o anúncio da gestão estadual sobre o combate às fake news sobre a vacinação contra a Covid-19.

Questionada se as privatizações prometidas pelo atual governo podem ser, em algum momento, interessantes, Helou diz que “depende do viés”. A sua expectativa é analisar os impactos caso a caso. Tarcísio tem defendido a venda da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp, cujo estudo já está em curso e deve ser apresentado ainda neste mês. O governador também quer a mesma operação para a Empresa Metropolitana de Águas e Energia, a Emae.

Veja os principais trechos da entrevista.

CartaCapital: O governador Tarcísio está moderado ou ainda representa os interesses dos bolsonaristas?

Marina Helou: É bastante preocupante e faz com que a gente precise ter atenção total ao governo. Porém, temos algumas sinalizações melhores que o bolsonarismo. Por exemplo, na pauta da vacinação, que é muito cara a mim e à 1ª infância, que eu tenho acompanhado de perto, o governador lançou uma campanha agora dizendo que o seu principal compromisso é combater as fake news. Já é um avanço importante a ser celebrado. Cabe a nós deputados o papel de fiscalizar e cobrar o governo para garantir que não sejam apenas bravatas mas, sim, políticas públicas que não tragam retrocessos como o Bolsonaro trouxe para o Brasil.

CC: A sua expectativa é de que André do Prado venha a defender as privatizações propostas pelo governo? E como atuar diante desses projetos, sobretudo em relação à Sabesp e à Emae?

MH: Com certeza. Acho que existe um alinhamento claro nessas pautas e que deve ser o papel dele como presidente. A mim, como deputada, cabe ler o projeto e analisar realmente qual é o impacto. Privatização é um termo muito amplo para muitas possibilidades. A gente precisa garantir que não tenha prejuízo para a população, nem retrocessos para o estado. Vamos esperar para ver o que de fato vem do governo e, se for o caso, lutar contra.

CC: Então, em algum momento, essas privatizações podem ser uma proposta interessante?

MH: Depende do viés. Existem projetos de concessão bem feitos e que trouxeram bons resultados para a população, e existem projetos muito ruins, que trouxeram só lucros particulares. O que a gente precisa é avaliar caso a caso.

CC: Como você avalia a estratégia do PT de compor a mesa diretora da Alesp com André do Prado, indicado de Tarcísio à presidência da Alesp?

MH: A posição do PT de seguir a proporcionalidade e um alinhamento para que as pautas sejam colocadas e que tenha voz na gestão da Casa é bem acertada nesse momento. A estratégia conta mais do que a narrativa. Eu me vejo, nesse momento, alinhada com esse olhar do PT, de garantir que tenha os espaços para que a gente possa fazer os enfrentamentos necessários, ocupando a gestão da Casa.

CC: A nova fase da Alesp encerra muitos anos do PSDB na presidência. O que muda na nova composição de forças políticas?

MH: A gente ainda está em transição. Hoje é o primeiro dia da nova legislatura, ainda é preciso entender como as forças vão se comportar. A alternância de poder é sempre algo bom, eu acredito nisso. Mas também entendo que é preciso de um tempo para as coisas se acertarem e as pessoas aprenderem os seus papéis e ficar mais claro como a gente vai lidar com a Casa. Inclusive, qual vai ser o espaço para a oposição.

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